Título: No Brasil, aumentos vencem inflação em 2004
Autor: Andréa Giardino
Fonte: Valor Econômico, 08/12/2004, Eu & Carreira, p. D6
Depois de um ano de perdas, o trabalhador brasileiro volta a ter aumento real em seu salário em 2004. É o que revela pesquisa feita pela Deloitte Touche Tohmatsu com 122 empresas. De acordo com o estudo, 21% das companhias concederam reajustes superiores ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), ou seja, acima da inflação. Os dados são referentes aos acordos coletivos até a última data-base anterior a novembro de 2004. Enquanto no ano passado, a maioria (58%) se preocupou apenas em manter o poder de compra da população. "O reaquecimento da economia, o crescimento no volume de contratações e a pressão dos sindicatos foram fatores que contribuíram para esse cenário positivo", afirma Fábio Mandarano, consultor da Deloitte no Brasil. Mas para o executivo, esses índices podem ser ainda maiores porque os principais acordos coletivos estão acontecendo neste momento. As indústrias automobilística e metalúrgica, por exemplo, já anunciaram um reajuste de 10% na folha de pagamento. "O que representa um aumento real de 4%", ressalta Mandarano. A pesquisa aponta também uma redução do número de empresas que concederam reajuste salarial abaixo da inflação - de 21% em 2003 para 18% agora. E a boa notícia é que apenas 3% afirmou não ter dado reajuste algum para os funcionários. "A tendência é que a reposição salarial daqui para frente aconteça a partir dos acordos coletivos", prevê o consultor. Outro dado importante, que indica uma retomada no cenário econômico, é a perspectiva de negócios para este ano. Do total das 122 empresas, 66% espera obter um faturamento maior, comparado a 2003. Já 46% acena para um aumento no volume de investimentos, com destaque para as áreas de Tecnologia da Informação (77%), desenvolvimento organizacional (75%) e Recursos Humanos (73%). O RH, aliás, é alvo dos orçamentos de boa parte das companhias entrevistadas. A maioria (56%) pretende ampliar o orçamento nesta área nos próximos dois anos. Entre as prioridades listadas para os próximos dois anos incluem-se treinamento e desenvolvimento profissional (84%), gastos com recursos de informática (48%), programas de remuneração (38%) e comunicação interna (34%). "Vale salientar que do total da receita líquida, 1,33% foram destinados a atividades de qualificação profissional", explica Mandarano. Além disso, o levantamento da Deloitte comprova que os programas de participação nos lucros e resultados (PLR) vingaram no Brasil. Praticamente 70% das empresas ouvidas adotaram o modelo. E embora a remuneração funcional, baseada em cargos, seja a mais praticada, com taxas superiores a 84% para todos os perfis de cargos, muitas empresas estão avaliando o formato misto de práticas salariais. "É a tão conhecida remuneração por competência e habilidades", observa Mandarano. Para cargos executivos, 23% das