Título: FMI pede que país aja com cautela para não afastar capital
Autor: Janes Rocha
Fonte: Valor Econômico, 19/05/2006, Brasil, p. A2

A Bolívia precisa pagar indenização por ativos nacionalizados, ou terá conseqüências econômicas de longo prazo, afirmou ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI). O novo diretor de Relações Externas da instituição, Masood Ahmed, disse que o governo boliviano terá de agir com "cautela" durante a negociação com empresas e governos estrangeiros afetados - ele não citou diretamente o nome da Petrobras.

"É importante que essas negociações atinjam um acordo que permita a continuidade da entrada de capital externo no país", disse. Segundo Ahmed, há uma missão do FMI agora na Bolívia analisando a economia de acordo com o artigo 4º do FMI - que determina avaliações anuais da economia dos países-membros. "Vamos falar mais sobre esse assunto quando a avaliação estiver concluída", afirmou o novo porta-voz do FMI, em sua primeira entrevista coletiva.

"O modo do governo boliviano lidar com a situação determinará a disponibilidade de capital doméstico e estrangeiro para investimento no setor de hidrocarbonos, que representa grande parte da economia da Bolívia", alertou Ahmed.

Em dezembro do ano passado, a Bolívia foi beneficiada pelo perdão de 100% de sua dívida externa. Foram perdoados todos os créditos tomados até janeiro de 2005 - cerca de US$ 230 milhões. Na época, o Fundo justificou a inclusão do país na lista dos perdoados pelo "bom desempenho macroeconômico, iniciativas de redução de pobreza e melhora da administração do orçamento". Mas a Bolívia ainda poderia ter acesso a novas reduções da dívida e recursos para financiamento de programas de redução de pobreza - esses em linhas de crédito do Banco Mundial.

Em março deste ano, o acordo que o país tinha com o FMI terminou e não foi renovado pelo governo de Evo Morales. Os compromissos com o FMI são pequenos até o fim da década. Neste ano, a Bolívia tem de pagar apenas US$ 566 mil. No ano que vem, US$ 4,32 milhões e em 2008, US$ 7,6 milhões.