Título: Indústria de base pede proteção
Autor: Alex Ribeiro e Claudia Safatle
Fonte: Valor Econômico, 19/05/2006, Finanças, p. C1
Os empresários do setor de infra-estrutura e indústria de base pediram ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, medidas urgentes para frear a perda de competitividade de seus produtos. Entre as principais reivindicações estão a proteção tarifária contra importações e o fim da tributação sobre ganhos de fundos de investimento em participação direcionados a projetos de médio e longo prazos.
As propostas foram levadas ontem pelo presidente da Associação Brasileira de Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy. "Os importados estão ganhando espaço na siderurgia e no setor elétrico. O câmbio é um problema. Precisamos encontrar uma solução para não desmontar a indústria de bens de capital fabricados sob encomenda", alertou.
No setor de geração de energia hidrelétrica, Godoy também pediu a Mantega uma saída para os desequilíbrios que a mudança no modelo regulatório provocou. Segundo a Abdib, muitos investimentos - responsáveis pela geração de 5 mil MW - têm custos de produção mais altos porque sofreram o impacto das regras anteriores que condicionavam as concessões ao pagamento do maior ágio. Mas com o novo modelo elétrico que estabeleceu leilões de energia com base no menor preço, aqueles investidores perderam competitividade. O setor representado pela Abdib é de capital intensivo e o retorno de pesados investimentos é demorado e depende da estabilidade das normas.
A direção da Abdib disse à Mantega que os principais fabricantes de bens de capital sob encomenda têm alertado que o setor perde competitividade e mercado a cada ano devido à valorização do real e a custos excessivos relacionados ao capital, ao trabalho e aos tributos. Os problemas prejudicam as áreas de óleo, gás, mineração, siderurgia, papel e celulose, energia elétrica e transporte ferroviário.
Como as reformas institucionais não avançam no Congresso, a Abdib defende uma desoneração emergencial de toda a sua cadeia produtiva. O objetivo é reduzir a carga tributária para que a indústria nacional possa competir com os importados e também participar de concorrências internacionais e tornar-se uma plataforma de exportação de equipamentos.
Mantega tem recebido representantes de vários setores e ouvido diversas queixas. A principal delas é contra o que chamam de "excessiva valorização do real".