Título: Carlos Lupi recebe apoio do partido para ficar no cargo
Autor: Exman ,Fernando
Fonte: Valor Econômico, 23/11/2011, Política, p. A6

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, voltou a ganhar o apoio político da maior parte de seu partido. A sinalização ocorreu após uma reunião da cúpula do PDT, realizada em Brasília, ontem à noite.

O Ministério do Trabalho é alvo de uma série de denúncias de irregularidades em seus contratos com organizações não governamentais. Já Lupi é acusado de ter viajado em avião fretado pelo dono de uma rede de ONGs com convênios com o ministério para participar de eventos oficiais e partidários no Maranhão.

"De uma maneira muito uniforme, o PDT ratificou o apoio ao ministro Lupi", afirmou o presidente em exercício da legenda, deputado André Figueiredo (CE). "O ministro tem a nossa total confiança. O PDT não está no governo da presidente Dilma por cargos. Não cabe ao PDT dizer se fica ou não. O cargo é de confiança da presidente Dilma."

No entanto, o deputado Antônio Reguffe (DF) e o senador Pedro Taques (MT) mantiveram suas posições em favor do afastamento de Lupi até a conclusão das investigações das denúncias, o que gerou desconforto entre os aliados do ministro. O deputado Paulo Pereira da Silva (SP) chegou a criticar a postura dos dois correligionários por eles terem pedido o afastamento de Lupi publicamente.

Já o deputado Brizola Neto (RJ) reiterou seu apoio a Lupi, mas cobrou uma maior descentralização na interlocução entre o partido e o Palácio do Planalto. "O partido deve ampliar a sua interlocução com o governo. Não devemos concentrar tanto essa interlocução", afirmou o parlamentar, que tenta reduzir a concentração de poderes do PDT nas mãos de Lupi. "O ministro não deve sair motivado por denúncias que não se sustentaram."

O líder do PDT na Câmara, Giovanni Queiroz (PA), afirmou que não houve deslize ético de Lupi e, por isso, o partido não cogita apresentar um nome à Dilma para substituir o ministro. Mas ponderou que o partido aceitaria negociar com a presidente uma troca de Pasta na reforma ministerial a ser promovida pela presidente. "Se isso vier, a gente senta para discutir. Essa é uma questão da presidente", argumentou o líder. "Tirá-lo [agora] é uma confissão de dívida que não devemos."

Os mesmos argumentos utilizados pelos ministros e as cúpulas partidárias dos que acabaram saindo. O plano do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, de conseguir amplo apoio do seu partido para uma manifestação de apoio a ele e à sua permanência no cargo foi preparado ao longo de todo o dia.

Lupi lançou uma ofensiva na véspera para que o partido divulgasse uma nota em seu apoio. Ampliou a dimensão da reunião da Executiva, realizada à noite, e convocou os dirigentes do PDT dos Estados, majoritariamente a ele aliados.

Mas não conseguiu dobrar os parlamentares que defendem sua saída e mantiveram essa posição na reunião do partido. "Vou manter o que disse desde o começo e que falei diretamente ao próprio ministro: o PDT deve entregar o ministério. Isso nos dará muito mais independência e respeito na relação com a presidente Dilma Rousseff", afirmou o deputado Reguffe. Ao lado dos senadores Cristovam Buarque e Pedro Taques, ele resistiu, ao longo do dia, a assinar nota de apoio.

Paulo Pereira da Silva afirmou que a reunião tinha o objetivo de manifestar apoio a Lupi e ameaçou pedir a desfiliação dos dissidentes.