Título: Economia surpreende no México e cresce 4,5% no terceiro trimestre
Autor: Montes,Juan
Fonte: Valor Econômico, 23/11/2011, Internacional, p. A11

A economia do México ganhou força no terceiro trimestre, beneficiada pela demanda interna elevada e pelo forte aumento na produção agrícola, que compensaram a queda de ritmo na indústria.

O Produto Interno Bruto (PIB) expandiu-se 4,5% no período de julho a setembro, em relação ao mesmo período de 2010, divulgou ontem o Instituto Nacional de Estatística e Geografia (Inegi) do México. A expansão superou a expectativa de 3,7% de analistas, e a alta de 3,2% do segundo trimestre.

"São dados muito bons, é uma grande surpresa", disse Sergio Luna, economista-chefe adjunto do Banamex. "Parece que o mercado interno vem ganhando força, principalmente no setor de serviços." Luna previa que a economia cresceria 3,8% em 2011, mas agora deve revisar essa projeção para cima.

Em termos ajustados sazonalmente, a economia mexicana cresceu 1,34% em relação ao segundo trimestre, segundo o Inegi, o que se traduz em índice de crescimento anualizado de 5,5%.

Quanto aos componentes do PIB no terceiro trimestre, a produção industrial teve expansão em relação ao mesmo período de 2010 um pouco menor, de 3,4%, o que foi compensado pelo crescimento de 4,8% nos serviços. A produção agrícola apresentou a alta mais elevada, de 8,3%, graças principalmente ao aumento na colheita de frutas, milho e outros grãos.

Nos nove primeiros meses do ano, o PIB apresentou expansão de 4%, ritmo mais moderado em relação aos 5,4% verificados em 2010, após a recessão de 2008 e 2009.

Os números fortes do PIB sustentam a visão de que o Banco do México (o BC do país) não reduzirá os juros em sua próxima reunião, marcada para 2 de dezembro.

"O banco central provavelmente evitará agir na reunião de dezembro, preferindo em vez disso esperar pelo primeiro trimestre de 2012 para ter uma leitura mais precisa da força do ciclo real de negócios domésticos e a evolução da economia mundial e de seus riscos", disse o economista Alberto Ramos, do Goldman Sachs.

Luna também acha que o Banco do México adotará uma abordagem do tipo esperar para ver. "A atividade não se desacelerou, então, não foram necessários estímulos até agora. O banco central vai preferir guardar a munição para o próximo ano", afirmou.

A perspectiva para os próximos meses e para 2012 é encoberta pelas incertezas quanto às economias de EUA e Europa, cruciais para impulsionar o setor industrial e as exportações mexicanas.

"Supomos que a economia vai se desacelerar nos próximos trimestres, tendo em vista o baixo crescimento real nos EUA e a intensificação dos ventos contrários, financeiros e reais, vindos da Europa", avaliou Ramos.

Influenciado pela turbulência econômica mundial, o Banco do México reduziu no início de novembro sua previsão de crescimento do PIB para algo entre 3,5% e 4% neste ano e para 3% a 4% em 2012. O banco central atribuiu a revisão à expectativa de menor crescimento nos EUA e ao agravamento da crise europeia.