Título: Crédito tributário influi no salto de 142,8% do lucro do BB, para R$ 2,3 bi
Autor: Maria Christina Carvalho
Fonte: Valor Econômico, 16/05/2006, Finanças, p. C2

A ativação de crédito tributário levou o resultado do Banco do Brasil (BB) no primeiro trimestre ao ao recorde de R$ 2,343 bilhões. Foi o maior resultado trimestral de todo o sistema financeiro e embute um salto de 142,8% sobre os R$ 965 milhões do primeiro trimestre de 2005. O retorno sobre o patrimônio líquido médio atingiu 63%.

O BB reconheceu R$ 1,9 bilhão de seu estoque de crédito tributário no primeiro trimestre. A medida foi possível depois que o Banco Central (BC), pela Resolução 3.355, autorizou a ativação de créditos tributários desde que possam ser utilizados em até 10 anos, ampliando o prazo anterior de 5 anos.

Excluindo o impacto do crédito tributário, o lucro líquido recorrente ficou em R$ 938 milhões e o retorno sobre o patrimônio líquido, em 23%.

Para o presidente do BB, Rossano Maranhão, no entanto, o resultado foi "excelente", demonstrando que o banco está "competitivo, contribuindo para o crescimento econômico do país". Maranhão afirmou que, além do crédito tributário, influíram no resultado "a eficiência operacional, o maior volume de crédito e de base de clientes".

A carteira de crédito do BB cresceu 13,15% sobre março de 2005 para R$ 105,527 bilhões, o que dá ao banco uma fatia de 15,5% do mercado. Os outros grandes bancos de varejo cresceram mais, ao redor de 20%. Segundo Rossano, a diferença deveu-se fundamentalmente aos negócios no mercado de financiamento de automóveis, em que a atuação do BB ainda é tímida, mas está sendo ativada. O presidente do BB afirmou que não podia dar mais detalhes sobre planos futuros e projeções porque uma oferta pública secundária de ações da instituição sendo analisada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Serão vendidas ações em tesouraria do BB e da Previ, fundo de pensão dos funcionários. A BNDES Participações poderá fazer parte da oferta.

O BB prefere ressaltar que a carteira de recursos livres do banco cresceu 27,1% em comparação com março de 2005 para R$ 18,6 bilhões. Só a carteira total de créditos para pessoas físicas chegou a R$ 19,8 bilhões, com aumento de 15,9% sobre março de 2005, em parte puxada pelo salto de 165,3% dos empréstimos consignados, de R$ 1,77 bilhão em março de 2005 para R$ 4,695 bilhões em igual mês deste ano.

Em um ano, o BB ampliou em 30,5% a quantidade cartões emitidos, elevando a base para 9,4 milhões no final de março.

A ativação do crédito tributário, disse o vice-presidente de finanças, mercado de capitais e relações com investidores, Aldo Luiz Mendes, permitiu ao banco reforçar em R$ 500 milhões as provisões para créditos duvidosos. As despesas com provisões cresceram 64,23%, saindo de R$ 1,261 bilhão no primeiro trimestre de 2005 para R$ 2,071 bilhões em igual período de 2006, elevando de 6,1% para 7,3% a relação entre saldo de provisões e carteira de crédito entre março de 2005 e março passado. A maior cautela está em linha com o ligeiro aumento de 3,1% para 4,3% no percentual de operações vencidas há mais de 60 dias.

O Banco do Popular do Brasil (BPB), braço de microcrédito do BB, continua no vermelho. Mas a perda diminuiu, disse o presidente Robson Rocha, em comparação dom os R$ 17,3 milhões do quarto trimestre de 2005 para R$ 14,8 milhões.

Com 23,3 milhões de clientes, o BB ampliou em 19% a receita de serviços e melhorou o índice de eficiência - relação despesas e receitas - para 48,1%. As receitas de serviços já cobrem as despesas de pessoal com folga de 12,1%.