Título: FMI reformula linhas de crédito para atrair países que enfrentam choque
Autor: Rastello,Sandrine
Fonte: Valor Econômico, 23/11/2011, Finanças, p. C10

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reformulou seu programa de linha de crédito de modo a estimular países que estão enfrentando choques externos a recorrerem ao fundo em troca do cumprimento de poucas condições, num momento em que os dirigentes da União Europeia (UE) não conseguem pôr fim à turbulência ligada à dívida.

O FMI, sediado em Washington, disse ontem que o novo instrumento, a Linha Preventiva e de Liquidez (PLL, pelas iniciais em inglês), pode ser acionada por países dotados de economias sólidas que enfrentem atualmente necessidades de liquidez de curto prazo.

Países com necessidades potenciais também podem pedir recursos, como fizeram no passado sob a vigência da Linha de Crédito Preventiva substituída pelo novo instrumento.

"A reforma amplia a capacidade do fundo de fornecer recursos para prevenção e solução da crise", disse a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, em comunicado divulgado por e-mail. "Esse é um passo a mais na criação de uma rede de segurança financeira mundial eficaz para administrar a ampliação da interconexão mundial."

As mudanças, que possibilitam que os países habilitados solicitem recursos sem ter de realizar tantas mudanças de política econômica quanto as requeridas pelos empréstimos tradicionais, ocorrem num momento em que a crise da UE ameaça disseminar para a Espanha e a França.

O FMI está co-financiando operações de socorro financeiro na Grécia, Portugal e Irlanda e se prepara para enviar uma equipe à Itália para realizar uma auditagem sem precedentes dos esforços envidados pelo país a fim de reduzir seu endividamento.

As autoridades da União Europeia ainda não implementaram o pacote aprovado no mês passado que inclui um aumento dos fundos de socorro financeiro, as pretendidas garantias sobre as dívidas soberanas e a tentativa de atrair mais empréstimos internacionais.

A Alemanha rejeitou ontem apelos de aliados e investidores para que se empenhe mais em combater a turbulência, em um momento em que dispararam os custos de captação de recursos da Espanha e intensificaram-se as pressões para que os dirigentes políticos gregos se comprometam por escrito a adotar medidas de austeridade.

A atual reformulação de instrumentos de crédito é a segunda em quinze meses, e ocorre num momento em que o FMI tenta fazer com que os países solicitem recursos antes da configuração de crises.

O fundo continuará a oferecer sua Linha de Crédito Flexível, disponibilizada incondicionalmente para países cujas economias são fundamentalmente saudáveis e usado por México, Polônia e Colômbia.

Os recursos passíveis de serem obtidos junto ao novo PLL serão limitados. Uma das opções é solicitá-los por seis meses em troca de valor equivalente a cinco vezes a contribuição do país em questão ao FMI, conhecida como sua cota. Um país também pode requisitar uma PLL por até 24 meses por valor equivalente a 10 vezes as suas cotas.

O FMI, além disso, disse ontem que está fundindo os atuais instrumentos de concessão de empréstimos de auxílio emergencial para casos de catástrofes naturais e situações pós-conflito no chamado Instrumento de Financiamento Rápido (RFI, pelas iniciais em inglês).