Título: Desembolsos do BNDES mostram reação positiva no segundo trimestre
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 14/07/2006, Brasil, p. A2
Apesar da recuperação ocorrida no segundo trimestre, quando desembolsou 9% a mais em relação ao mesmo período do ano passado, o BNDES encerrou o primeiro semestre de 2006 com queda de 9% em seus desembolsos em relação aos seis primeiros meses do ano passado. Este fraco desempenho ocorreu por conta da retração do primeiro trimestre, quando as liberações apresentaram declínio de 28,2% na comparação com os meses de janeiro a março do ano passado.
Os R$ 18,2 bilhões liberados pelo BNDES para projetos de investimento no primeiro semestre estão bem aquém das expectativas do orçamento do banco para 2006, que prevê desembolso total de R$ 55 bilhões. Francisco Eduardo Pires de Souza, assessor da diretoria de Planejamento do banco, mesmo confiante em um maior aquecimento da demanda por recursos da instituição de fomento no segundo semestre, baseado em um cenário de economia mais aquecida, estimulada pela queda do juro e pelo aumento do consumo e dos investimentos, acha difícil atingir a meta estabelecida para 2006.
Pires de Souza atribuiu o baixo resultado dos três primeiros meses do ano - considerados por ele como "um ponto fora da curva" - ao efeito câmbio, que afetou as exportações e aos problemas vividos pela agropecuária. "A agropecuária teve seu pior momento no ano passado, com fortes reflexos nos três primeiros meses de 2006", disse ele.
No entanto, Pires de Souza apontou algumas melhoras ocorridas já no segundo trimestre deste ano, como um amortecimento do câmbio, que levou o desembolso para exportações feito pelo banco a crescer 38% ante o mesmo período de 2005, e aprovações de grandes projetos de insumos básicos para áreas de siderurgia, papel e celulose e petroquímica, como fatores que irão recuperar os números do BNDES no terceiro trimestre e poderão vir a influir, ainda que com alguma defasagem, no aumento do investimento (medido pela Formação Bruta de Capital Fixo-FBCF) este ano.
Ele também destacou a queda da Taxa de Juro de Longo Prazo (TJLP) para 7,5%, a menor da história desta taxa, como um instrumento favorável a uma retomada da demanda privada pelos recursos do banco. Pelos seus cálculos, a TJLP atual mais um spread médio do banco de 3,2%, dá uma taxa total de 10,7%, que descontada a inflação de 4,5%, aponta para um juro real de 6%. O economista admite, porém, que os efeitos positivos da nova taxa deverão ser percebidos, do ponto de vista dos desembolsos da instituição e da apresentação de novos pedidos de financiamento pelo setor privado, mais para o final do ano.