Título: Candidatos no Estado trocam acusações
Autor: Raquel Ulhôa
Fonte: Valor Econômico, 14/07/2006, Política, p. A7

Os ataques do crime organizado em São Paulo incendiaram a disputa pelo governo do Estado. O candidato do PSDB, José Serra, considerou "estranho" que os ataques do aconteçam durante o período eleitoral. Ele fez o comentário em relação às declarações do senador Jorge Bornhausen (SC), presidente do PFL, que afirmou suspeitar de ligações entre o PT e o PCC. Em campanha no interior do Estado, Serra disse que que "há indícios (da ligação) mas não provas".

O candidato lembrou o caso Jilmar Tatto, ex-secretário municipal de São Paulo durante a gestão Marta Suplicy (PT). Segundo inquérito da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes de Santo André, Tatto teria influência sobre perueiros, que seriam ligados ao PCC. A acusação foi considerada pelo ex-secretário como "infundadas" e que suspeitava de "cunho político" nas investigações.

O candidato a vice-governador pelo PSDB, Alberto Goldman, acusou o governo Lula de não ter feito "nada" em matéria de segurança pública e que o candidato petista, senador Aloizio Mercadante, é "coadjuvante desse nada". Sobre os ataques do PCC, Goldman, disse que o grupo se aproveita do "momento eleitoral" para pressionar o governo paulista.

Goldman rebateu as críticas de Mercadante, que culpou o PSDB pela crise. "O que ele fez durante o seu mandato no Senado por São Paulo para enfrentar essa questão? O que o governo Lula fez para enfrentar o crime organizado?", questionou. "O crime organizado se apóia em um negócio supranacional, o tráfico de drogas, e o que o governo Lula fez para combater esse tráfico, que é a mercadoria do crime?", acrescentou.

O deputado também comentou afirmação de Mercadante, de que faria "valer a Lei de Execuções Penais" no Estado caso fosse eleito. "A lei das Execuções Penais foi fragilizada pelo governo Lula. Foi fragilizada quando estabeleceu que para colocar um preso em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) é preciso ter autorização de um juiz, quando antes era preciso somente da administração penitenciária", acusou.

De acordo com Mercadante, a onda de violência que voltou a atingir o Estado é resultado da política equivocada adotada nos últimos 12 anos, numa referência aos governos de Mário Covas e Geraldo Alckmin. "Isso é resultado de 12 anos de equívocos e, portanto, não há resposta imediata", disse o candidato, que participou de uma missa em memória dos agentes penitenciários assassinados.

Questionado sobre qual seria sua primeira medida como governador no caso de haver uma onda de ataques a São Paulo, respondeu que iria "fazer valer a " Lei de Execuções Penais". Para ele, presos de alta periculosidade deveriam ficar separados dos demais e o Estado não pode ceder aos caprichos dos detentos.

Mercadante afirmou que é preciso restabelecer a disciplina no sistema prisional. "O crime organizado cresceu dentro dos presídios. É preciso cortar as linhas de financiamento e os canais de comunicação do crime organizado". Defendeu, ainda, a formação de uma força-tarefa para driblar a violência no Estado, reunindo os governos federal e estadual, ministérios públicos, polícias civil, militar e federal, além da Receita Federal. (Com agências noticiosas)