Título: "Leviandade tem limite", diz Lula
Autor: Raquel Ulhôa
Fonte: Valor Econômico, 14/07/2006, Política, p. A7
A largada oficial da campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição foi marcada por críticas à crise de segurança no Estado de São Paulo e por ataque às tentativas do PSDB e do PFL de vincular o crime organizado ao PT.
Depois de pedir um minuto de silêncio, em homenagem às vítimas dos ataques em São Paulo, os petistas fizeram discursos duros e rebateram as provocações feitas pelo candidato do PSDB ao governo do Estado, José Serra, e pelo senador Jorge Bornhausen, presidente nacional do PFL, de que há indícios de ligações entre o PT e o Primeiro Comando da Capital (PCC).
O presidente Lula iniciou seu discurso afirmando que "é no mínimo uma questão de insanidade tentar vincular o crime organizado ao PT. Leviandade tem limite e o jogo político exige que não seja tão rasteiro".
O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, classificou as declarações da oposição como "infelizes e irresponsáveis" e lembrou que seu partido muitas vezes "já foi vítima de calúnias", citando como exemplo a acusação, feita em 1989, de estar vinculado ao sequestro do empresário Abílio Diniz, do Pão de Açúcar. O deputado disse que o discurso "do medo e do terro" não será vitorioso. O PT pretende apresentar uma notícia crime à Justiça eleitoral contra o candidato José Serra.
No jantar de lançamento da campanha petista, realizado ontem, em São Bernardo do Campo (SP), cerca de 2.700 pessoas receberam o presidente Lula sob muitos aplausos e gritos de apoio. Lula iniciou seu discurso destacando as realizações de seu governo no combate à desigualdade social e disse que os governos anteriores não tinham a mesma preocupação com as condições de vida da população. "Que ninguém, nunca mais, ouse duvidar da capacidade de luta dos trabalhadores".
Em seus eventos de campanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem direito, pela legislação eleitoral, ao mesmo esquema de segurança que o protege durante o exercício da Presidência da República. A segurança pessoal do presidente é responsabilidade do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Pela mesma legislação, Lula tem direito, ainda, durante eventos desta natureza, à serviço médico, cerimonial e assessoria de imprensa.
Um assessor palaciano confirmou que essa estrutura de apoio não participa diretamente de comícios e eventos eleitorais. "Eles ficam presentes apenas como uma garantia, caso o presidente necessite de algo", informou o assessor. A assessoria palaciana confirmou ainda que Lula tem direito ao carro oficial. Mas, neste caso, as despesas de combustível são pagas pelo PT. Da mesma maneira, os gastos de locomoção de ontem do Presidente Lula no trajeto Rio (onde participou de cerimônia relativa aos Jogos Panamericanos de 2007) - São Paulo - Brasília serão ressarcidos pelo PT, segundo regras da Justiça Eleitoral.
A assessoria do Planalto não quis afirmar se, em virtude da onda de ataques do PCC em São Paulo, a segurança de Lula seria reforçada no trajeto da cidade de São Paulo até São Bernardo do Campo. Alegam que essas informações são confidenciais e restritas aos profissionais que protegem o presidente.
Estiveram presentes ao jantar os ministros Luiz Marinho (Trabalho), Dilma Roussef (Casa Civil), Paulo Bernando (Planejamento) e Luiz Dulce, além do vice-presidente José de Alencar e o deputado Professor Luizinho. O ex-presidente do PT, José Genoino também compareceu. Além do candidato ao governo do Estado, Aloizio Mercandante, e sua vice, Nádia Campeão.