Título: PT reage aos ataques de Bornhausen
Autor: Raquel Ulhôa
Fonte: Valor Econômico, 14/07/2006, Política, p. A7
O PT e o governo reagiram ontem às declarações feitas pelo senador Jorge Bornhausen (PFL-SC), presidente do PFL, que insinuou uma vinculação do PT com a nova onda de ataques do PCC em São Paulo. "Sou frontalmente contrário ao uso eleitoral dessa crise. Está morrendo gente e querem fazer disso uma moeda de troca eleitoral", afirmou o ministro Marcio Thomaz Bastos. "Podemos discutir os nossos acertos e erros do passado. Mas não podemos transformar essa crise numa guerra eleitoral. Não é digno fazer isso".
O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), foi ainda mais incisivo. "Esta é uma declaração irresponsável de quem não tem qualquer compromisso com a democracia. A tendência golpista de Bornhausen prevalece sobre qualquer possibilidade de diálogo", declarou.
O deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) classificou a declaração de Bornhausen de mais um "palpite infeliz, vindo de alguém que tem dado diversos palpites infelizes nos últimos tempos". O contencioso entre Bornhausen e o PT não é novo. No ano passado, no auge da crise do mensalão, o senador afirmou que o país ficaria livre, por um bom tempo, "dessa raça ", referindo-se ao PT. Em resposta, petistas distribuíram fotomontagens mostrando o pefelista vestido de nazista. Segundo Greenhalgh, a postura do presidente do PFL "rebaixa a uma disputa eleitoral um assunto que é sério: a crise no sistema penitenciário e na segurança pública de São Paulo".
No fim da tarde de ontem, o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), divulgou nota em repúdio a Bornhausen. Fontana cobrou explicações sobre o crescimento do PCC em um Estado governado por tucanos e pefelistas há 12 anos. "A sua atitude é irresponsável, oportunista e revela a incapacidade do PFL, bem como do PSDB, de solucionar os problemas de segurança pública que afligem a população paulista", disse ele.
A nota acusou ainda o senador catarinense de faltar com o respeito à população paulista. "É hora de o senador parar com ataques tão rasteiros". E pediu o fim da política "oportunista e desqualificada". "Ao tentar acusar o PT, o senador mostra ser um líder político despreparado para tratar de um tema tão delicado e grave", concluiu.