Título: Para sauditas, ataque ao Irã causaria recessão mundial
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Fonte: Valor Econômico, 14/07/2006, Internacional, p. A8

O governo saudita advertiu que um ataque dos EUA ao Irã poderia fazer o preço do petróleo triplicar, o que jogaria o mundo numa recessão. O Irã controla um dos lados do estreito de Hormuz, por onde passa boa parte do petróleo que sai do Oriente Médio.

A advertência vem num momento em que diferentes fatores - como a crise com o Irã, os ataques rebeldes na Nigéria e a escalada de violência entre Israel e seus vizinhos - afetam a cotação do petróleo no mercado mundial.

Além disso, os países do Oriente Médio se preocupam com a estabilidade num momento em que, segundo o Banco Mundial, vêm utilizando melhor os recursos advindos da alta da commodity.

Para o Banco, os exportadores de petróleo do Oriente Médio aprenderam com as últimas altas do produto e estão tratando as rendas excepcionais de hoje com mais parcimônia. Em vez de gastar desbragadamente, os países da região estão aproveitando a entrada de mais dinheiro para aplicar em projetos de desenvolvimento.

A Arábia Saudita, por exemplo, diminuiu seu déficit público quase pela metade. Mas o Bird adverte que o crescimento sustentável da região só será alcançado com a abertura do setor privado.

Mustapha Nabli, economista-chefe do Banco para o Oriente Médio e a África do Norte, adverte que os países não podem se tornar muito dependentes da renda do petróleo. Eles têm de diversificar suas economias para criar mais empregos e alternativas econômicas para quando as reservas de petróleo terminarem.

"O crescimento atual ocorre por causa do aumento dos gastos públicos, que estão se multiplicando e criando empregos, mas isso não se sustenta por si só. Uma solução de longo prazo seria criar novas atividades, novos projetos e aumentar a produtividade", disse.

O Banco Mundial louva, por outro lado, o comportamento atual dos países da região, que não estão mais criando enormes dívidas públicas, como nos anos 70 e 80, apostando na contínua alta da commodity.