Título: 17,9% de investimento
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 04/09/2010, Economia, p. 17

A expectativa dos empresários de que a economia continuará crescendo a pleno vapor nos próximos meses contribuiu decisivamente para o incremento do parque produtivo. Tanto que a chamada Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) avançou 2,4% no segundo trimestre do ano ante os três primeiros meses, levando a taxa de investimento para 17,9% do Produto Interno Bruto (PIB).

Apesar desse salto, o indicador ainda está abaixo dos 18,4% computados no mesmo período de 2008, que antecedeu a crise mundial.

Na avaliação dos especialistas, para que o Brasil continue crescendo com a inflação sob controle, será preciso que, nos anos seguintes, o investimento corresponda a 25% do PIB.

O esforço das empresas para garantir a oferta de produtos é notável.Mas, segundo o economista Alcides Leite, professor da Trevisan Escola de Negócios, o governo terá que fazer a sua parte, ampliando os desembolsos para obras de infraestrutura. Para isso, terá que cortar despesas com o funcionamento da máquina pública e priorizar a ampliação da oferta de energia, dos portos, das ferrovias e das estradas.

Trata-se de um ponto crucial para que, num breve futuro, não tenhamos pressões inflacionárias, acrescentou.

Pelas contas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de investimento de 17,9% foi a segunda maior da série históricainiciada em 2000 para o período, atrás apenas da registrada em 2008 (de 18,4%).

A boa notícia foi que esse salto veio acompanhado do aumento da taxa de poupança, que cravou 18,1% do PIB, superior à computada entre abril e junho de 2009, de 16%, mas ainda muito aquém da apurada em 2004, de 20,7%.

Quanto maior é a taxa de poupança, mais condições o país tem de ampliar os investimentos sem depender do capital estrangeiro.

Infelizmente, esse ainda não é o caso do Brasil. Para bancar sua expansão e garantir o consumo, o país precisou de R$ 24,3 bilhões em financiamentos externos, volume três vezes superior ao registrado no segundo trimestre de 2009 (R$ 7,6 bilhões). Os recursos estrangeiros vieram por meio de aplicações nas bolsas de valores e em títulos públicos, capitais de curto prazo que podem sair a qualquer momento em caso de crise. Isso mostra que oBrasil está crescendo acima de seu potencial, alertou o estrategista-chefe do BancoWestLB, Roberto Padovani.

É preciso ter portos, aeroportos e energia para comportar saltos do PIB acima de 7%.OBrasil ainda não tem estrutura para suportar esse ritmo.

Agricultura sobe2,1%

» Puxado pela produção de soja, de café, de milho e de algodão, o setor agrícola computou alta de 2,1% no segundo trimestre deste ano em relação aos três meses imediatamente anteriores. Esse desempenho reflete apenas os ganhos de produtividade da safra, porque os preços das principais commodities (mercadorias) estão abaixo dos valores registrados no ano passado, disse o presidente da Sociedade Rural Brasileira, Cesário Ramalho. Ele ressaltou que o país teve a maior safra da história em 2009/10, com 147 milhões de toneladas de grãos, por causa de condições climáticas excepcionais que propiciaram o aumento da produção. Frente ao segundo trimestre de 2009, destacou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento da agricultura foi de 11,4