Título: Dúvida sobre atuação do BC
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 04/09/2010, Economia, p. 17

Os volumosos gastos do governo, que inflaram o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano as despesas subiram 2,1% entre os primeiros três meses de 2010 e abril, maio e junho , reforçam a visão de parte dos analistas econômicos de que a política fiscal conduzida pelo governo joga cada vez mais a responsabilidade de conter a inflação nas mãos do Banco Central. E colocamemdúvida também se a paralisação da sequência de elevações na taxa básica de juros, definida pelo Comitê de PolíticaMonetária (Copom) esta semana, foi realizada emmomento adequado.

Na avaliação da economistasênior do Royal Bank of Scotland, Zeina Latif, o atual ritmo de gastos do governo não condiz com a situação econômica do país e do mundo. A política fiscal não está muito organizada.Háumaexpansão de gastos que está destoando do momento atual, considerou.

Para ela, o Banco Central agiu certo quando manteve os juros em 10,75% ao ano. Há um processo de moderação do crescimentoem curso. E o cenário internacional temumpapel importante nisso. A economia mundial fraca mantém a inflação baixa fora do país e tambéma doméstica, afirmou.

Reverso Para a economista, um dos setores que mais estampam o momento de desaceleração da inflação éoautomobilístico,queapresenta hoje situação contrária à do período pós-crise. Ainda que seja um setor específico, ele é emblemático, porque movimenta uma extensa cadeia produtiva.

Naquela época, ele operava acima da capacidade, a demanda não acomodava. Hoje os estoques estão elevados, considerou.

Outras análises, como a de Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Ratings, no entanto, interpretaram o avanço do conjunto dos bens e serviços produzidos no país como um sinal de que o Banco Central errou. O PIB só ratifica que o BC deveria ter levadoemfrente o aumento da Selic, afirmou. Agostini acredita que o BC terá que voltar a elevar os juros já no primeiro semestre do ano que vem. (GC)