Título: Centrais pedem correção de 10% no IR
Autor: Rodrigo Bittar
Fonte: Valor Econômico, 09/12/2004, Política, p. A-11

Lideranças sindicais propuseram ontem ao ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que o governo corrija a tabela do imposto de renda em pelo menos 10%, para que os novos patamares de alíquotas comecem a valer já em 2005. Em reunião de mais de duas horas entre o ministro e os sindicalistas, no Ministério da Fazenda, ficou acertado que o governo apresentará uma resposta a este pedido na próxima quarta-feira. Segundo o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Luiz Marinho, um dos interlocutores do encontro, os líderes sindicais reivindicaram que o governo se comprometesse a corrigir integralmente, até o final de 2006, a tabela do Imposto de Renda em, "pelo menos", o índice de inflação apurado ao longo do governo Lula, atualmente acumulado em 17% nos dois primeiros anos de mandato. "Pedimos que o governo corrija a tabela em 10% agora e se comprometa a corrigir o resíduo de 2004 e 2003 e a inflação futura até 2006", explicou. "O governo ficou de analisar e dar uma resposta na quarta-feira que vem, quando faremos uma marcha pela correção da tabela do IR, pela valorização do funcionário público e por uma política para o salário mínimo", acrescentou. Além da CUT, participaram da reunião com o ministro representantes da Força Sindical, da Social Democracia Sindical (SDS), da Central Geral dos Trabalhadores (CGT), Central Autônoma de Trabalhadores (CAT) e da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB). Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, disse que o ministro Palocci chegou a sugerir a criação de uma alíquota de 10% para os trabalhadores com salários entre R$ 1.058 e R$ 1.590, que atualmente pagam 15%. "Nem aceitamos discutir isso", declarou Paulinho. Segundo ele, Palocci não falou de outras faixas de alíquotas. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, a correção da tabela em 10% a partir de 2005 representaria uma diminuição de arrecadação por parte do governo federal da ordem de R$ 3,2 bilhões. Hoje, os sindicalistas vão defender, em reunião com o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, a elevação do salário mínimo dos atuais R$ 260 para R$ 320 a partir de janeiro do ano que vem.