Título: A meta é triplicar vagas até 2010
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 05/09/2010, Economia, p. 14

Brasil começa a se tornar referência para o mundo na formação demão de obra demandada pelas fabricantes de aeronaves. Universidades tentam ampliar cursos sem comprometer a qualidade

SãoPaulo,SãoCarlos (SP),SãoJosé dos Campos (SP) e Itajubá (MG)A indústria aeronáutica brasileira atravessaummomento de elevada produção e, consequentemente, enfrenta o problema da falta de mãodeobra qualificada.NaHelibras, filial da francesa Eurocopter, sediadaemItajubá, tal escassez é motivo de assombro. A empresa, que já está trabalhandoemdois turnos, pretende dobrar de tamanho e mais do que triplicar o número de funcionários até 2012de 300 para 1 mil.

Está difícil encontrar profissionais especializados, tanto engenheiros quanto técnicos,emummomentoemque estamos em plena capacidade produtiva, diz o vice-presidente da fabricante de helicópteros, EduardoMauad. É reflexo do expressivo crescimento da economia, que está levando junto o setor aeronáutico, acrescenta. A urgência com que a Helibras procura mão de obra qualificada está associada à recente encomenda do governo de 50 helicópteros EC 725 para as Forças Armadas, com capacidade para 30 passageiros.

Mauad conta que a maquete da nova fábrica com 11 mil metros quadrados está pronta e, para garantir a ampliação do quadro de pessoal, a companhia fechou parceria com a Universidade Federal de Itajubá (Unifei). A meta é criar um curso para formação de engenheiros aeronáuticos, no qual os estudantes terão a oportunidade de estagiar na sede daEurocopter, na França. Dessa forma, vamos garantir a mão de obra para o futuro, pois pretendemos ampliar a fábrica e produzir o primeiro helicóptero concebido aquimesmona companhia, afirma.

Paralelamente, a Helibras está buscando profissionais em eventos acadêmicos.

Na semana passada, com o Itaú uma das instituições financeiras que mais têm engenheiros em seu corpo de funcionáriosa empresa participou de uma feira de carreiras na unidade da Universidade de São Paulo (USP)emSão Carlos, que temumdos mais disputados cursos do paíso de engenharia aeronáutica.

Ou fazemos isso ou não conseguiremos preencher os postos que se abrirão com a ampliação da nossa fábri ca, ressaltaMauad. Ainda há uma carência grande para os nossos projetos, admite, lembrando que o Brasil tem uma das maiores frotas de helicópteros do mundo. São quase mil em operação.

Desde a entrada no país,em1979, aHelibras ampliou a sua fatia de mercado 14% para 52%.

Na Embraer, fabricante de jatos comerciais regionais, a retomada das encomendas fez a empresa recontratar parte dos 4 mil funcionários que demitiu depois do estouro da crise mundial, em setembro de 2008. A empresa está operando hoje com 16 mil empregados espalhados pelo mundo e, para suprir a falta de profissionais especializados, recorreu a parcerias com centros de formação como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). O projeto, batizado de Programa de Especialização em Engenharia Aeronáutica (PEE), busca atrair recémformados em engenharia de diversas áreas. A companhia seleciona 100 engenheiros por ano.

O aumento da produção de jatos executivos na fábrica da Embraer em Gavião Peixoto tem absorvido grande parte dos profissionais que são formados pela unidade da USP em São Carlos. Para o coordenador do curso de engenharia aeronáutica da instituição, FernandoMartini Catalano, com a fusão das empresas aéreas TAM e LAN, aumentará ainda mais a demanda por engenheiros, pois o centro de manutenção de todas as aeronaves da futura companhia, a Latan, funcionará na cidade do interior paulista.

Tomara que tenhamos condições de atender a tanta demanda, diz.