Título: Dados do IBGE indicam alta de 10% no investimento
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 08/05/2006, Brasil, p. A3

Nos primeiros três meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, a produção industrial de bens de capital cresceu 9,2% , enquanto o setor de insumos para a construção civil registrou expansão de 6,9%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na última sexta-feira.

Estes resultados indicam que a taxa de investimento continuou crescendo neste início de 2006. Pelas contas da LCA Consultores, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) - que mede o consumo pro máquinas e equipamentos e na construção civil dentro do Produto Interno Bruto (PIB) - deve ter apresentado alta de 9,4% em relação ao mesmo período de 2005 e de 3,4% na comparação com o último trimestre do ano passado, já descontados os fatores sazonais.

Para o Departamento Econômico do Bradesco, os dados de bens de capital e insumos para a construção, em março, corroboram a estimativa de um crescimento de 10% na taxa de investimento neste primeiro trimestre em relação ao ano passado. No documento dirigido aos clientes da instituição, os economistas do Bradesco observaram que "esta é uma informação que tem valor elevado para o Banco Central, por exemplo, para confortá-lo quanto aos efeitos defasados da política monetária sobre o nível da atividade".

De acordo com o IBGE, a produção industrial encerrou o primeiro trimestre com expansão de 4,6% em relação ao mesmo período de 2005. Por categoria de uso, a produção de bens de consumo foi 14,9% maior e o segmento de bens intermediários cresceu 2,8%. Por setores, 19 dos 27 segmentos pesquisados pelo IBGE registraram alta no trimestre. Entre os destaques positivos, está a indústria extrativa (13,2%), a produção de computadores (67%) e material eletrônico e de comunicações (21,7%), impulsionados por celulares e televisores.

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) é menos otimista na leitura dos dados da indústria em 2006. Para o Iedi, na margem, ou seja, considerando o índice dessazonalizado com relação ao mês anterior, a produção da indústria brasileira em março praticamente não evoluiu. Segundo o IBGE, a produção industrial de março foi 0,3% menor do que a de fevereiro, embora tenha sido 5,2% superior a de março do ano passado.

Como em janeiro e fevereiro a produção da indústria foi errática (queda de 1,4% em janeiro e alta de 1,2% em fevereiro - sempre na comparação com o mês anterior, já descontando a sazonalidade), o Iedi vê estagnação do setor. "A interpretação, segundo a qual no primeiro trimestre de 2006, em média, a indústria praticamente não saiu do lugar, nos parece corresponder a uma visão mais correta da trajetória industrial recente", apontou a entidade em texto de avaliação dos dados do IBGE.