Título: Indústria paulista já prevê expansão menor em 2006
Autor: Sergio Lamucci
Fonte: Valor Econômico, 30/06/2006, Brasil, p. A4

A indústria paulista cresceu 2,7% no mês passado em relação a abril, já descontados os fatores sazonais, mas o resultado não foi suficiente para para que a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) veja com mais otimismo o desempenho do setor até o final do ano. Com base nos números até maio, a entidade revisou, para baixo, a expectativa de expansão em 2006. A projeção de alta, que era de 5%, caiu para 4%.

Davilym Dourado/Valor Paulo Francini, diretor da Fiesp: importações têm efeito "trágico" sobre desempenho de setores da indústria paulista Para o diretor do Departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp, Paulo Francini, o avanço registrado no mês passado foi fortemente influenciado pela queda de 1,4% na atividade em abril, mês que teve apenas 18 dias úteis - em maio, eles foram 22. O que pesou mais na revisão de projeções da Fiesp, no entanto, foi o crescimento das importações em ritmo superior ao das exportações, o que, segundo Francini, está trazendo efeitos "trágicos" para alguns setores da indústria de transformação. As importações cresceram 22% entre janeiro e maio deste ano, enquanto as importações subiram 13% no período, disse Francini.

Com o dólar baixo, as exportações da indústria nacional perdem competitividade e muitos setores, como o têxtil, vêem os produtos importados invadirem o mercado interno. Nos cinco primeiros meses do ano, as exportações de têxteis subiram apenas 6%, enquanto as importações saltaram 40%. "A sobrevalorização da moeda começa a mostrar seus efeitos, com as importações subindo. Isso sinaliza declínio da atividade industrial", explicou o diretor da Fiesp.

O crescimento da renda (com o reajuste do salário mínimo), dos gastos públicos e do crédito são fatores positivos para a expansão industrial, pois significam mais consumo e, conseqüentemente, mais produção. No entanto, segundo Francini, os produtos importados podem acabar engolindo boa parte dessa demanda.

Em relação a maio do ano passado, o Indicador de Nível de Atividade (INA), calculado pela Fiesp e pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), registrou alta de 9,3% na atividade industrial. Na comparação dos cinco primeiros meses do ano, o crescimento foi de 8%, mas sem ajuste sazonal. O número de horas trabalhadas subiu 6,4% entre maio e abril e 9% em relação a maio de 2005. O nível de utilização da capacidade instalada ficou em 82,8% em maio, patamar superior aos 79,7% registrados em abril, e tambem maior que os 81,1% alcançados em igual período do ano passado.