Título: Taxa de investimento é a maior dos últimos cinco anos
Autor: Sergio Lamucci
Fonte: Valor Econômico, 30/06/2006, Brasil, p. A4

A taxa de investimento da economia brasileira fechou o primeiro trimestre do ano em 20,4%, a maior desde o primeiro trimestre de 2001, quando bateu em 20,6%, segundo dados divulgados ontem, pelo IBGE. A taxa ficou acima dos 19,7% do último trimestre de 2005 e subiu 0,4 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano passado

Esse crescimento foi estimulado pela importação de bens de capital, recuperação da construção com obras de infra-estrutura e redução efetiva da Selic, como destacou a economista Maria Laura Muamis, da gerência de contas nacionais do IBGE.

As projeções de economistas apontam para uma taxa de investimento este ano entre 20,5% a 23% do PIB, o que pressupõe um recuo da formação bruta de capital fixo (FBCF) no segundo trimestre e possível recuperação no terceiro e quarto trimestres. Esse percentual ainda está bem aquém de uma participação de 25% dos investimentos no PIB, considerada, pela maioria dos economistas, fundamental para sustentar um crescimento anual da economia no patamar de 4%.

O Produto Interno Bruto (PIB), nos três primeiros meses do ano, foi de R$ 478,9 bilhões, R$ 40,7 milhões a mais que o valor do primeiro trimestre de 2005. O PIB trimestral cresceu 3,4% em volume e 5,6% na média dos preços dos bens e produtos. O valor do PIB se dividiu em valor dos bens e serviços produzidos no país, que alcançou R$ 424,6 bilhões, e dos impostos sobre produtos (R$ 54,2 bilhões).

O destaque do PIB em valores foi o consumo - incluindo famílias e governo, atingiu R$ 362,3 bilhões (R$ 277,8 bilhões das famílias e R$ 84,5 bilhões do governo). No período, o consumo apresentou crescimento nominal de 10,3%, expandindo-se num ritmo acima da renda disponível bruta, que aumentou 9,2% nos primeiros três meses do ano. Por conta dessa diferença, a taxa de poupança recuou 0,7 ponto em relação aos 22,4% do primeiro trimestre de 2005, explicou Cláudia Dionísio, economista do IBGE.

A conta financeira do país, no primeiro trimestre, registrou uma redução da capacidade de financiamento da economia para R$ 3,6 bilhões, ante R$ 7,2 bilhões entre janeiro/março do ano passado. Houve redução, mas esta conta continua positiva, destacou Cláudia. O desempenho mais fraco foi influenciado pela valorização cambial, que propiciou um aumento do valor dos e lucros e dividendos das empresas estrangeiras e a redução do saldo comercial e de serviços por conta da redução das exportações e crescimento das importações. Na comparação com o primeiro trimestre de 2005, as exportações caíram, por efeito de preço, 1,1% em termos nominais. As importações subiram 2,5%.

No período, aumentou em 132% o Investimento Brasileiro Direto (IBD) em relação ao primeiro trimestre de 2005. Os recursos aplicados em negócios fora do país saltaram de R$ 2,5 bilhões, no primeiro trimestre de 2005, para R$ 5,8 bilhões em igual período de 2006, sinalizando que as empresas brasileiras estão investindo forte no exterior. O Investimento Externo Direto (IED) caiu 5%, apesar de, em termos absolutas, ainda ser maior que o IBD. De janeiro a março de 2005, o IED acumulou 9,2 bilhões, caindo para R$ 8,7 bilhões nos primeiros três meses de 2006.