Título: Para governo brasileiro, país exerce pressão legítima
Autor: Marli Olmos e Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2006, Brasil, p. A3
O governo do Uruguai está exercendo uma pressão legítima para que os desequilíbrios do Mercosul sejam efetivamente enfrentados pelos quatro países que são sócios plenos do bloco. Essa é a interpretação que está prevalecendo na cúpula da diplomacia brasileira depois de o presidente uruguaio Tabaré Vázquez ter declarado que não rompe com o Mercosul mas, do jeito que está, o bloco não serve ao seu país.
Uma alta fonte do Ministério das Relações Exteriores informou que o governo brasileiro reconhece que o Mercosul, para os dois sócios menores, Uruguai e Paraguai, vem sendo "frustrante". Esse embaixador admitiu que o Brasil não importa na intensidade que poderia importar mercadorias desses dois mercados e que a integração econômica não vem evoluindo como era esperado. O problema é que, apesar da existência de programas de promoção comercial do Mercosul, o governo não pode obrigar empresários brasileiros a importar mais produtos ligados às cadeias produtivas da carne e do leite, fortes no Uruguai e Paraguai.
Portanto, no Itamaraty, o sentimento que prevalece é o da "compreensível pressão" dos sócios menores - o Uruguai sempre foi mais incisivo que o Paraguai - para acabar com o que chamam de "assimetrias do Mercosul". Na cúpula da diplomacia brasileira, as duras palavras de Tabaré Vázquez não parecem ter o objetivo apenas de obter um sinal verde para um acordo com os Estados Unidos. O governo uruguaio sabe que os "lobbies" de produtores americanos contra a liberação da importação de carnes e lácteos uruguaios são muito eficientes.