Título: Argentina vai à Corte de Haia contra "papeleiras"
Autor: Marli Olmos e Raquel Landim
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2006, Brasil, p. A3

A Argentina iniciou formalmente ontem um processo contra o Uruguai na Corte Internacional de Justiça de Haia, contestando a instalação de duas fábricas de polpa de celulose no lado uruguaio da fronteira entre os dois países. O governo argentino acusa o Uruguai de violar um tratado internacional assinado pelos dois países na década de 70, que prevê que qualquer projeto que possa comprometer a qualidade da água do rio Uruguai só pode ser realizado com o consentimento das duas partes.

O chanceler argentino, Jorge Taiana, disse que a Argentina tomou a atitude "depois de ver frustrados seus reiterados esforços, promovidos em todos os níveis, de alcançar uma solução bilateral à controvérsia entre os países, gerada pelas atitudes unilaterais e ilícitas do Uruguai". A Argentina quer paralisar a construção das fábricas para que seja feito um estudo independente sobre seu impacto ambiental. O Uruguai diz que os estudos foram feitos, mas o próprio Banco Mundial afirmou que precisa informações adicionais para avaliar se libera créditos de US$ 400 milhões para os projetos.

O conflito entre os dois países é considerado um dos fatores que estão afastando o Uruguai do Mercosul. Moradores do lado argentino mantiveram bloqueadas por vários meses pontes que ligam os dois países, e o Uruguai não conseguiu que o Mercosul tratasse da questão. A posição do Brasil tem sido considerar o assunto um problema bilateral. Hoje está prevista uma manifestação em Gualeguaychu, no lado argentino da fronteira, com a presença do presidente argentino, Néstor Kirchner, e da maioria dos governadores do país.