Título: Alckmin anuncia apoio a pefelista na Bahia
Autor: Raymundo Costa e César Felício
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2006, Política, p. A5

Disposto a remover os principais obstáculos à formalização da aliança nacional entre PSDB e PFL, o pré-candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, em um café da manhã, em Brasília, selou ontem acordo com o governador da Bahia, Paulo Souto (PFL), de apoiar sua reeleição. Em troca, garantiu o palanque do PFL à sua campanha.

A divergência entre os dois partidos na Bahia vem sendo considerada o maior entrave para a candidatura tucana no Nordeste, região em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem seu melhor desempenho eleitoral e Alckmin é desconhecido da maioria do eleitorado. A coordenação da campanha de Alckmin planeja que ele visite todos os Estados do Nordeste até o dia 15. Com a aparente solução do caso baiano, a viagem àquele Estado foi marcada para o dia 12. Mas Alckmin enfrentará constrangimentos.

O líder do PSDB na Câmara, deputado Jutahy Júnior, presidente do diretório estadual do partido, afirmou que vai receber Alckmin em "ambientes distintos" do PFL do senador Antonio Carlos Magalhães. "Onde o PFL estiver, eu não estarei. Vamos recebê-lo na sede do partido e demonstrar nosso apreço e apoio", disse o líder.

O PSDB não tem candidato a governador na Bahia, mas Jutahy é contra o apoio ao PFL. O PSDB tem um forte candidato ao Senado, o ex-prefeito Antonio Imbassahy, favorito nas pesquisas de intenção de voto. Jutahy defende aliança local com o PDT, que ainda não escolheu um candidato ao governo. O grupo de ACM lançou o senador Rodolpho Tourinho à reeleição e vinha exigindo do PSDB nacional que Imbassahy - ex-carlista - saísse da disputa. O PSDB local não aceita.

Com o compromisso assumido por Alckmin de apoiar Souto, à tarde ACM deu início a uma cobrança pública do presidente do seu partido, senador Jorge Bornhausen (SC), de pressa na oficialização da coligação nacional entre os dois partidos. "Chegou o momento de o PFL definir a aliança. Se o PFL demorar tanto, só prejudica o candidato, que perde a substância", disse o pefelista.

ACM já programa a recepção a Alckmin: entre outras programações, está previsto um grande evento num centro de convenções para mais de 4 mil pessoas. Alckmin também deverá visitar outras cidades. "Lula está bem na frente de Alckmin na Bahia. Quanto mais ele demorar a ir, mais difícil ficará tirar a diferença", afirmou o senador pefelista.

Um dos argumentos do PFL nacional para adiar a formalização da aliança era a necessidade de resolver, antes, as divergências estaduais entre os dois partidos.

Enquanto ACM controla uma bancada de 23 deputados federais, o PSDB tem apenas dois: Jutahy e João Almeida, que defende apoiar Souto.

Além da Bahia, os maiores problemas estão em Sergipe e Maranhão, onde o PSDB não tem candidato ao governo estadual, mas se recusa a apoiar os candidatos do PFL.

O presidente do PSDB nacional, senador Tasso Jereissati (CE), e o secretário-geral, deputado Eduardo Paes (RJ), assinaram na quarta-feira uma resolução que, na prática, permite uma espécie de "intervenção branca" nos diretórios estaduais do partido em Estados onde são graves as divergências com o PFL.

"Nos Estados em que venham a ocorrer, de modo evidente, e por quaisquer razões, dificuldades para a formação de coligação de acordo com a diretriz e a composição da coligação decidida a nível nacional pelo partido, deverá a Coordenação Nacional das Campanhas Estaduais (CNCE) designar representante seu com a incumbência de facilitar e promover os entendimentos e auxiliar na celebração das alianças do partido no Estado para os dois turnos da disputa eleitoral", diz a resolução. (RU)