Título: Amorim rebate críticas sobre "passividade"
Autor: Cristiano Romero
Fonte: Valor Econômico, 05/05/2006, Especial, p. A10
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reagiu às críticas sobre a passividade do governo brasileiro diante do decreto de nacionalização do gás editado pelo presidente da Bolívia, Evo Morales. "São críticas oportunistas, porque esses acordos específicos não foram firmados por este governo".
Segundo ele, o que está se debatendo agora em relação à Bolívia "decorre de decisões tomadas há 10, 12, 13, 18 anos". "Então não é dizer que, porque este governo dá prioridade à América do Sul, que surgiu esse problema. Ao contrário, porque este governo dá prioridade à América do Sul, temos uma boa chance de resolver esse problema", defendeu o chanceler.
Amorim também minimizou o apoio explícito a Evo, que chama Lula de "irmão maior". "O apoio é ao presidente que foi eleito. Isso acho que é uma coisa normal, e existe expectativa de manter com ele um bom diálogo", justificou. Reconheceu, no entanto, que a Petrobras deveria ter pensado antes em alternativas ao gás boliviano.
Num gesto de protesto contra o governo boliviano, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado adiou a sabatina e a votação da indicação do futuro embaixador brasileiro naquele país, Frederico Cezar de Araújo, previstas para ocorrer na reunião de ontem.
"O adiamento da aprovação do embaixador é um gesto político. O certo seria o governo buscar o atual embaixador e não enviar ninguém para substituí-lo. Isso mostraria para o governo Evo Morales que não está agradando", disse o líder do PSDB, Arthur Virgílio. (Colaborou Raquel Ulhôa)