Título: Empresários pedem a Mantega pressa em reforma tributária
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/07/2006, Brasil, p. A2

Uma reunião de um ministro do governo atual, preocupado em resolver problemas atuais, mas com um olho também na perspectiva futura. Foi dessa forma que empresários cariocas ouvidos pelo Valor após o encontro de duas horas e meia com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na sede do ministério, no Rio, descreveram a reunião. Mantega ouviu tanto reivindicações passíveis de ações na sua gestão, como temas que dependem de medidas legislativas, praticamente impossíveis de serem votadas na atual legislatura, como a reforma tributária.

Mantega não escorregou em nenhum momento. Não fez alusão ao futuro governo nem fez nenhuma promessa para além de 1º de janeiro de 2007. Nas palavras, tudo ficou no terreno de um encontro de setores econômicos com uma autoridade econômica do atual governo, disseram os empresários. Ao todo, foram 25 empresários e técnicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). Entre os empresários, nomes de peso, como o presidente da Companhia Vale do Rio Doce, Roger Agnelli, o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, e o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado (Sinduscon-RJ), Roberto Kaufmann. Quase todos os empresários saíram pelo elevador privativo, sem falar com os jornalistas.

Segundo o Valor apurou, foi da construção civil a reivindicação de caráter mais imediato. Kaufmann, do Sinduscon-RJ, disse a Mantega que o financiamento habitacional evoluiu muito no atual governo, tanto que neste ano há disponibilidade de R$ 20 bilhões, sendo R$ 10 bilhões do FGTS. O problema, na visão do empresário, é que a maioria dos recursos (60%) está sendo destinada à compra de imóveis usados e de material de construção para reformas.

O Sinduscom reivindica 70% para obras novas e 30% para as demais finalidades, garantindo mais dinamismo para o setor. Mantega disse que será criado um grupo de trabalho, envolvendo o próprio ministério, a Caixa Econômica Federal (CEF) e os representantes da construção, entre outros, para buscar uma saída a curto prazo.

No âmbito macroeconômico, a preocupação dos empresários foi com o aumento dos gastos públicos e com o impacto que possam trazer à trajetória de estabilização econômica. Pediram agilidade na reforma tributária para garantir mais competitividade às empresas e manifestaram preocupação com a superposição de tarefas dentro do governo sobre a questão ambiental, o que estaria retardando os projetos empresariais.