Título: BGN aposta no empréstimo para aposentados
Autor: Flavia Lima
Fonte: Valor Econômico, 09/12/2004, Finanças, p. C-2

O Banco BGN, braço financeiro do grupo Queiroz Galvão, entra no segmento de crédito consignado para aposentados e pensionistas com a expectativa de atingir uma carteira de R$ 1 bilhão em até seis meses. Desde 1998, o banco atua na área de concessão de crédito com desconto em folha para servidores públicos, cuja carteira conta com R$ 300 milhões. A expectativa de captar, no crédito para aposentados, mais de três vezes o volume obtido em empréstimos para servidores públicos - isso em um período pelo menos dez vezes menor - se justifica pelo potencial do mercado "muito pouco explorado", diz o presidente do banco, Carlos Queiroz Galvão. Nas contas do executivo, são 23 milhões de aposentados e pensionistas no Brasil, ante 5 milhões de funcionários públicos com os quais o BGN pode trabalhar. "São cinco bancos atuando há quatro meses, ante cerca de 30 instituições na área de crédito para funcionários públicos desde 1998." Os empréstimos serão concedidos em prazos que vão de seis a 48 meses, sob taxas a partir de 1,75% ao mês. O volume máximo será de R$ 15 mil. Segundo Queiroz Galvão, o banco vem estruturando as operações de crédito consignado com cuidado redobrado, principalmente no tocante a prazos, em especial após o episódio de intervenção do Banco Santos. "Nos preparamos para a operação com o INSS, captando de forma coerente com os prazos dos empréstimos consignados", diz. Segundo ele, foram concluídas operações de longo prazo no mercado interbancário, de "maneira bem-sucedida". O banco também prepara um programa de emissão no mercado europeu de US$ 250 milhões, sob um contrato de três anos, estruturado pelo Banco Espírito Santos e pelo Bradesco. Segundo Queiroz Galvão, a primeira tranche deve sair em janeiro. Criado em 1995, o BGN tem sede em Recife e agências em São Paulo, Fortaleza e Salvador. O patrimônio líquido soma R$ 66 milhões, ou cerca de 4% do patrimônio total do grupo, próximo de R$ 1,5 bilhão. Os depósitos reúnem R$ 300 milhões. Com a intervenção do Santos, o executivo reconhece que houve corrida generalizada para resgates de CDBs em pequenos e médios bancos, mas descarta qualquer tipo de contaminação do BGN. "Houve estreitamento geral de liquidez, mas acredito que isso deva ser sanado", diz. "Conosco, nada aconteceu", emenda. Queiroz Galvão liga a boa saúde financeira da instituição à solidez do grupo ao qual pertence, que atua em áreas como construção civil e infra-estrutura, petróleo e gás, e concessão no segmento de energia, água e estradas. O banco, que foi um dos primeiros do mercado a lançar um fundo de direitos creditórios, no início de 2003, prepara um segundo fundo. Ele deve reunir R$ 500 milhões e será lastreado nos empréstimos feitos a aposentados. A instituição também planeja criar uma gestora de recursos especializada na gestão desses fundos de recebíveis. Segundo Queiroz Galvão, o desejo é que ela saia no próximo ano.