Título: Calçadistas apostam no mercado interno para reverter as perdas
Autor: Vanessa Barone
Fonte: Valor Econômico, 05/07/2006, Empresas &, p. B4
Com a queda nas exportações, os fabricantes de calçados e acessórios apostam no mercado interno. "A Francal é a grande oportunidade para agitar o mercado interno", diz Abdala Jamil Abdala, presidente da
Começou ontem, em São Paulo, a 38ª edição da Feira Internacional de Calçados, Acessórios de Moda, Máquinas e Componentes (Francal), que reúne mil fabricantes do setor. O evento segue até sexta-feira apresentando os lançamentos para a primavera-verão 2006/07. A expectativa dos organizadores é de receber um público de 60 mil pessoas até o final da semana.
Segundo Abdala, o setor calçadista tem enfrentando problemas para manter as exportações. "Em 2004, exportamos 220 milhões de pares de calçados", diz. "Em 2005, o número caiu para 195 milhões." Nos cinco primeiros meses deste ano, diz ele, houve queda de mais 7 milhões no número de pares exportados. "São calçados que deixam de ser produzidos."
Para Jorge Donadelli, presidente do Sindicato das Indústrias de Franca (Sindifranca), o calçado brasileiro tem o nível dos melhores produtos internacionais, feitos em países como a Itália. "O Brasil é o herdeiro natural da Itália, na produção de calçados para a exportação", afirma. "Nós temos a qualidade e poderíamos ter mais volume."
Segundo Donadelli, em 2004, o calçado masculino brasileiro custava, em média, US$ 16 (preço do fabricante para o importador). Hoje, esse preço subiu para US$ 20. "Há calçados vendidos até por US$ 40", afirma Donadelli. Isso, segundo o presidente do Sindifranca, se deve ao investimento em tecnologia e, conseqüentemente, ao aumento da qualidade do produto. "O nosso principal concorrente não é a China, mas a política cambial." De acordo com Donadelli, uma política cambial diferente poderia desmotivar a entrada de produtos chineses no Brasil e tornar os calçados brasileiros mais atraentes no mercado externo.