Título: Para Ana Arraes, controle não deve paralisar
Autor: Exman ,Fernando
Fonte: Valor Econômico, 27/10/2011, Política, p. A7

Em seu primeiro discurso como ministra do Tribunal de Contas da União (TCU), a ex-deputada Ana Arraes (PSB-PE) sinalizou ontem que deve atender aos interesses do governo, crítico frequente dos controles do tribunal, nos julgamentos da entidade.

Desde a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando a presidente Dilma Rousseff era ministra da Casa Civil e gestora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), há desentendimentos entre o governo federal e o TCU em relação às obras de interesse do Palácio do Planalto.

Ana Arraes afirmou que será implacável no combate à corrupção. Defendeu, entretanto, o que chamou de "controle inteligente", aquele que não crie barreiras à prestação de serviços públicos de qualidade pelo Estado.

"O controle deve servir para aperfeiçoar a gestão dos governos, e não paralisá-la, quando não inviabilizando-a, pois é fugaz o tempo de quem governa", discursou a ministra em uma cerimônia prestigiada pela presidente Dilma, ministros de Estado, governadores, parlamentares e presidentes de estatais. "É pobre e em descompasso com o Brasil de hoje, com a maturidade da nossa democracia, o controle dissociado do compromisso com o resultado das políticas públicas."

Mesmo com a presença de Dilma, a nova ministra não deixou de fazer críticas à atual situação social do país e à carga tributária. "Chego ao Tribunal de Contas da União para cerrar fileira sem tréguas em defesa do dinheiro público e para honrar o esforço e o suor dos brasileiros, submetidos a uma onerosa carga tributária e, mais do que isso, a prerrogativa cidadã, de vê-los aplicados no enfrentamento e na superação dos graves problemas de um país que oscila - estupefato - entre a condição de uma das maiores economias do planeta e a de ostentar indicadores sociais de fazer corar a face do mais alheio dos alienados."

Ana Arraes também fez homenagens ao ex-presidente Lula e ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, seu filho. Ambos conduziram a campanha política que a levou ao tribunal. Campos atuou, inclusive, fazendo contatos com deputados de diversos partidos; os governadores do PSB e do PT o ajudaram na tarefa.