Título: Unidos nos ataques, não nas promessas
Autor: Campos, Ana Maria
Fonte: Correio Braziliense, 15/09/2010, Cidades (Especial), p. 1

O petista Agnelo Queiroz, líder nas pesquisas de intenção de votos e com possibilidades de vencer as eleições no primeiro turno, foi bombardeado pelos adversários no debate promovido na noite de ontem pelos Diários Associados, com transmissão ao vivo pelaTV Brasília e pelo CB On-line (www.correiobraziliense.com.br), além de inserções durante a programação das rádios Clube AM e FM. O evento foi realizado na sede do Correio Braziliense. Os candidatos Joaquim Roriz (PSC), Eduardo Brandão (PV) e Toninho do PSol em alguns momentos se uniram para atacar o petista.

Agnelo reagiu às críticas com três pedidos de direito de resposta, dois deles deferidos pelo exministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Antônio Villas Boas Teixeira de Carvalho, que presidiu a comissão julgadora.Toninhotambémobteve umdireito de resposta contra o petista.

O foco em Agnelo acabou por preservar Joaquim Roriz, que em encontros anteriores havia sido duramente atacado por seus adversários. No debate de ontem, o ex-governador teve que responder a apenas uma pergunta sobre o fato de ter sido considerado ficha suja pela Justiça Eleitoral. E voltou a afirmar que confia na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo estando sem registro de sua candidatura a apenas 18 dias do primeiro turno, marcado para 3 de outubro.

Os candidatos participaram de cinco blocos em que tiveram oportunidade de responder a temas como ética na política, Lei da Ficha Limpa e propostas para o governo nas áreas de segurança pública, transporte, saúde, preservação do projeto urbanístico de Brasília e revitalização do comércio.

No primeiro bloco, a mediadora do debate, a jornalista Simone Souto, editora daTV Brasília, fez uma pergunta formulada pelos Diários Associados sobre os planos concretos a serem colocados em prática nos primeiros 100 dias de governo para reduzir a violência e o uso do crack.Todos os concorrentes deram respostas objetivas sobre a atuação no setor, como aumento do policiamento e investimento em recursos humanos para melhorar a segurança em todas as regiões doDistrito Federal.

No bloco seguinte, os concorrentes responderam a perguntas de três repórteresdoCorreioBraziliense e de umassinante do jornal, coronel AffonsoHeliodoro, presidente do InstitutoHistórico eGeográfico doDistrito Federal. Roriz teve de tratar da possibilidadedesofrer aprimeira derrota nas urnas,umavez que pesquisas de intenção de votos têm registrado que o ex-governador estáemdesvantagememrelação ao principal rival, o petista Agnelo Queiroz. O ex-governador negou que tenha medo de concluir a carreira políticacomumfracasso e garantiu ter confiançaemuma decisão do STF que lhe devolva o direito de concorrer¿Roriz não possui registro de sua candidatura por ter sido considerado ficha suja pela Justiça Eleitoral.Orecurso extraordinário interposto pela defesa do ex-governador foi remetido na última segunda-feira ao STF pelo presidente doTribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski.

Passado Roriz, no entanto, não foi o único participante a ter de responder questões sobre o passado.

Provocado pelos jornalistas do Correio, Eduardo Brandão deu explicações sobre uma condenação, ocorrida em 2002, do Tribunal de Justiça do DF por falência fraudulenta. Agnelo tratou de supostas irregularidades ocorridas na distribuição de recursos do Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, para organizações não governamentais.Negou que aOperação Shaolin tenha envolvido seu nome em qualquer indício de desvio de dinheiropúblico.Oex-ministrodoEsporte no governo Lula garantiu que denúncias relacionadas ao caso partiramde adversários políticos.

No terceiro bloco, ao responder a uma pergunta sobre seus baixos índices de intenção de votos nas pesquisas,Toninho do PSol atribuiu à desigualdade do volume de recursos das campanhas a sua performance na disputa eleitoral. Embora tenhaumdiscurso de ética e moralização, que tem muito apelo no eleitorado, principalmente depois da crise política e institucional que oDistrito Federal enfrentou, o candidato não conseguiu deslanchar. Pesquisas de intenção de votos o colocam em um patamar que varia de 2%a 3%das intenções de votos.

Durante o debate, Roriz reafirmou o compromisso de ampliar o território do Distrito Federal, triplicando o quadrilátero aos moldes do tamanho definido pelaMissão Cruls, que demarcou os limites da capital no fim do século 19. Agnelo negou que pretenda liberar as vans na capital do país. Brandão, por sua vez, afirmou que o PV poderá participar do próximo governo, para colaborar, como fez na gestão do ex-governador José Roberto Arruda. Entre os compromissos, Toninho prometeu que jamais permitirá a ocupação habitacional do SetorHabitacional Catetinho, como forma de preservação ambiental.

Confrontos Toninho foiumdos críticos a Agnelo. Emumdos momentosmais quentes do debate,Roriz pediu que o candidato do PSol explicasse declarações de campanha sobre aliados de Agnelo que seriam ¿traidores¿¿ emumareferência velada ao candidato a vice da coligação encabeçada pelo petista, Tadeu Filippelli (PMDB), que no ano passado conseguiu expulsar Roriz do PMDB. Toninho disse que desaprova a aliança do petista com¿setores do PMDB¿ envolvidos em denúncias de corrupção, com a ¿ficha suja¿, inclusive naOperaçãoCaixa de Pandora.

Emumdos direitos de resposta concedidos pela organização do debate, Agnelo lamentou que o expetista, hoje no PSol, tenha servido ¿como linha auxiliar da direita noDistrito Federal¿ para combatêlo.

O candidato do PSol, então, disse que jamais se uniria a Roriz: ¿Somos como água e óleo¿. Toninho sustentou ainda que o petista, e não ele, havia se encontradocomRorizna casadoex-governador.Opetista rebateu: ¿Converso com qualquer político do Distrito Federal e isso não tira minha independência¿.

Sobre a aliança com o PMDB, Agnelo afirmou: ¿Essa éumaaliança vitoriosa que deu certo no país¿.

Para alfinetar Agnelo, Eduardo Brandão disse que o petista dá respostas genéricas a problemas do DF.