Título: Dólar baixo enfraquece lucro da Vale
Autor: Patrícia Nakamura
Fonte: Valor Econômico, 31/07/2006, Empresas, p. B9

O balanço do segundo trimestre da Vale do Rio Doce já reflete parte do aumento de 19% no preço do minério de ferro acertado entre a mineradora e as principais siderúrgicas mundiais em junho. Vai incluir ainda a retroatividade do reajuste nos contratos para os clientes no país e da União Européia, que vigoram a partir de 1º de janeiro. Além disso, o resultado da Vale deve refletir o volume de vendas 3% maior da commodity comparado com o segundo trimestre de 2005.

Esses fatores devem levar a aumento da receita da Vale em cerca de 14% em dólar de abril a junho, segundo a média das expectativas de analistas consultados pelo Valor. As vendas da empresa, no trimestre, devem ter passado dos US$ 3,5 bilhões em 2005, para aproximadamente US$ 4 bilhões de abril a junho. Pedro Galdi, analista do ABN Amro Real Corretora, as operações com minerais não-ferrosos, os negócios ferroviários e o segmento de alumínio também contribuíram para os ganhos da empresa no trimestre.

Entretanto, de acordo com relatório do banco Merrill Lynch, a geração operacional de caixa (Lajida) da companhia caiu de US$ 1,9 bilhão para US$ 1,7 bilhão por conta dos maiores custos de produção do período. O Lajida menor, previu, empurrou para baixo o lucro líquido em cerca de 15%. "A maior parte da alta de preços do minério será refletida no balanço do terceiro trimestre", informa o banco.

Apesar das prévias favoráveis em dólar, a valorização cambial corroeu os resultados apresentados em moeda local. A previsão é de queda em comparação com o segundo trimestre de 2005, de R$ 10 bilhões para R$ 8,6 bilhões. Já o lucro ficou, segundo a análise, em R$ 3 bilhões, contra R$ 3,4 obtidos entre abril e junho do ano passado. Vale lembrar que a cotação do dólar (Ptax) em 30 de junho de 2005 era de R$ 2,35; um ano depois, valia R$ 2,16, uma desvalorização de 8%. (PN)