Título: Fundos superam as metas no semestre
Autor: Altamiro Silva Júnior e Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 31/07/2006, Finanças, p. C1

Apesar da forte volatilidade nos meses de maio e junho, que afetou tanto a renda fixa como a renda variável, os fundos de pensão conseguiram superar as metas e obter bons resultados no primeiro semestre. Em média, as carteiras tiveram rendimento de 8,2%, o dobro das metas atuariais, mostra uma pesquisa da NetQuant e da Towers Perrin. A pesquisa analisou os resultados de 40 fundações.

Mesmo as aplicações na bolsa trouxeram bons retornos. O rendimento médio ficou em 10,2% para os fundos que seguem o Ibovespa. Segundo Fernando Quineche, sócio-diretor da NetQuant, apesar das fortes quedas da bolsa, os fundos não reduziram suas aplicações em ações. A pesquisa mostra que eles mantiveram suas posições, ao contrário do que costumava acontecer no passado: na alta compravam e na baixa vendiam os papéis.

Na renda fixa, o rendimento médio foi de 7,83%, mostra a pesquisa. Vários fundos não conseguiram superar o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), referencial do setor. A razão são as apostas em papéis de IGP-M. Com a queda da inflação, o rendimento desses títulos caiu.

A Petros, fundo de pensão dos petroleiros, está entre os fundos que tiveram bons resultados. No primeiro semestre, o rendimento foi de 7,4% (a renda variável teve alta de 9,4% e a renda fixa subiu 6,2%). O presidente do fundo, Wagner Pinheiro, lembrou que 36% da carteira é composta por NTN-Bs (títulos públicos indexados ao IPCA) recebidas da patrocinadora como pagamento de uma dívida e que geram um ganho menor. Sem essa carteira de NTN-B, o ganho seria de 7,7%.

Na renda variável, segundo o dirigente, a opção da Petros pelo índice IBrX-50 como referencial para a carteira de ações ajudou a manter uma proteção contra a volatilidade do mercado. "Trocamos o referencial há pouco mais de um ano porque ele é mais adequado ao nosso perfil e isso acabou nos favorecendo", avalia Pinheiro, que acredita num bom segundo semestre. Pelas projeções da Petros, o Ibovespa deve fechar 2006 no patamar dos 40 mil pontos.

Na Valia, fundo de pensão da Vale do Rio Doce, as metas também foram superadas. "Apesar das turbulências de maio, nossa rentabilidade foi muito boa, de 7,8% e bateu com folga a meta, que ficou em 4,1%", disse Eustáquio Lott, presidente da fundação. A Valia tem 26% da carteira aplicada em renda variável, que rendeu 8,0%. Segundo ele, a renda fixa, que responde por 67% do total também ficou próxima do CDI. Para o segundo semestre, ele continua acreditando na bolsa.

"Somos investidores de longo prazo e não nos preocupamos com volatilidades passageiras, a composição de nossa carteira acaba focando em empresas mais sólidas", diz.

A Valia também começou a aplicar nos fundos de investimento em participações (FIPs) que investem em infra-estrutura. "Entramos no fundo InfraBrasil com R$ 53 milhões e estamos atentos a oportunidades porque a rentabilidade dos títulos públicos tende a cair".

A Fundação Cesp, patrocinada por 15 empresas do setor elétrico, fechou junho com rendimento de 6,9% (quase o dobro da meta, que ficou em 3,65%). O destaque foi a carteira de renda variável, que subiu 12,8%. Jorge Simino, diretor de investimento da fundação, conta que a estratégia foi não se desfazer de papéis, mesmo em períodos de forte estresse. Segundo ele, em alguns momentos, o fundo até comprou ações. "A carteira de renda variável é uma estratégia de longo prazo", diz. Dos R$ 11,38 bilhões em investimentos da fundação, 23,5% estão em ações. A renda fixa teve alta de 6,4%.

Apesar de resultados negativos nos meses de março e maio na Fundação Real Grandeza, o ganho acumulado nos seis primeiros meses de 2006 foi de 7,7%, sendo que a rentabilidade mais elevada foi a dos imóveis (8,9%), seguida pela renda fixa (7,7%). Já a carteira de renda variável teve variação de 7,6%. Segundo o presidente do fundo, Sérgio Wilson Fontes, já está em curso uma mudança de parâmetros da carteira de ações .