Título: BNDES prevê um aporte de R$ 59 bilhões em 2012
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 19/12/2011, Especial, p. F2

Principal instrumento de financiamento de longo prazo no país, o BNDES não vê riscos de redução do ritmo de desembolsos para projetos de infraestrutura no ano que vem. Neste ano, o total de desembolsos do banco para esses projetos chegou a R$ 55 bilhões. Para 2012, a expectativa do banco é de investir mais R$ 59 bilhões na área (sem considerar o Finame, linha para a compra de máquinas e equipamentos).

A linha de crédito mais usada pelo BNDES para projetos de infraestrutura é o Project Finance, por meio da linha Finem, de financiamento a investimentos. E há a linha para financiamento a investimentos sociais e ambientais.

Outro importante canal é o Banco Mundial. Segundo Sameh Wahba, coordenador de infraestrutura para o Brasil, a previsão é financiar cerca de US$ 3 bilhões nos próximos dois anos. "O Banco Mundial não reduzirá os investimentos no país. Há uma demanda forte de projetos", afirma Wahba.

Entre as áreas consideradas mais importantes para o Banco Mundial, segundo Wahba, estão as de saneamento e transporte urbano. "Projetos que promovam inclusão social e redução da pobreza são nossa prioridade", ressalta. O executivo informa que um terço dos investimentos em infraestrutura vai para o setor de transportes - maior desembolso do banco -, seguido da gestão pública e do saneamento básico; além de energia e habitação e urbanismo.

Wahba explica que investir em transporte no país é vital, pois o custo logístico representa 18% do PIB brasileiro. Entre os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), diz ele, esse número não chega a 10%. Segundo ele, as atenções do banco, antes concentradas Sul-Sudeste, vão se voltar para projetos no Norte e Nordeste do país.

No BNDES, a prioridade dos investimentos em 2012 vai para o setor de infraestrutura. "Aí estão projetos do setor elétrico, hidrelétricas, PCHs (pequenas centrais hidrelétricas), usinas eólicas e de cogeração", segundo informa a assessoria de imprensa do banco. "Os projetos do PAC, entre eles os de logística de transporte (ferrovias), são prioridade", afirma o banco em nota. Os projetos hidrelétricas do Rio Madeira são os maiores aprovados pelo BNDES.

O Banco do Nordeste é outra fonte de financiamento de longo prazo. Paulo Ferraro, diretor de negócio, afirma que, somente em estradas, o banco investiu R$ 1,5 bilhão nos últimos três anos. E o banco aportou cerca de R$ 2 bilhões em projetos de energia eólica. Ao todo, foram cerca de R$ 4 bilhões em projetos de infraestrutura no triênio 2009/2010/2011. Mas, para 2012, o Banco do Nordeste deve deixar a função de financiador de projetos de infraestrutura para o BNDES. "Vamos nos concentrar nos segmentos das micro, pequenas e médias empresas, nas quais podemos conseguir melhores resultados no desenvolvimento da região", explica Ferraro.

Apesar de o BNDES afirmar que não terá problemas para manter os investimentos no ano que vem, Paulo Godoy, presidente da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib), vê o banco perto de seu limite. "Esperamos para o ano que vem o surgimento de fundos específicos para projetos de infraestrutura. As medidas do governo de desoneração tributária para esses fundos devem criar atrativo extra para os investidores estrangeiros", diz Godoy.

Para o presidente da Abdib, o Brasil já tem atraído a atenção de investidores estrangeiros por conta do bom retorno oferecido pelos projetos. "Hoje nós já temos um histórico de sucesso nas concessões. Os investidores já sabem que podem aplicar aqui e os contratos serão cumpridos", afirma Godoy. A desoneração tributária feita pelo governo é um atrativo extra para atrair mais recursos, explica ele.

"Nosso alvo no ano que vem serão investidores institucionais como os fundos soberanos. Os títulos das dívidas de seus países pagam muito pouco, por isso investir no Brasil será um bom negócio", prevê Godoy.

De forma geral, Godoy não teme o impacto da crise internacional para o financiamento desses projetos. Segundo ele, o Brasil apresenta boas oportunidades de negócios e, com a crise, poucos lugares oferecem taxas de retorno como as do Brasil. (M.P.)