Título: Vivo estuda adotar rede GSM para recuperar fôlego
Autor: Talita Moreira e Heloisa Magalhães
Fonte: Valor Econômico, 03/07/2006, Empresas &, p. B3

Maior operadora de telefonia móvel do país, a Vivo deverá formalizar nas próximas semanas a decisão de implantar uma rede no padrão GSM. O martelo será batido pelo conselho de administração da empresa neste mês, segundo fontes familiarizadas com as discussões.

Mas é praticamente certo que o investimento - estimado em algo entre 1 bilhão e 1,5 bilhão de euros por analistas - será realizado.

No fim da tarde de sexta-feira, a operadora enviou comunicado à Comissão de Valores Mobiliários informando que daria início aos estudos sobre a viabilidade da implantação de uma rede GSM em paralelo à infra-estrutura atual, no padrão CDMA, e que seria passível de evolução para o WCDMA, tecnologia de terceira geração.

A Vivo não quis dar entrevistas. No entanto, o presidente da Portugal Telecom, Henrique Granadeiro, afirmara pela manhã que a atualização da rede será feita e deverá acontecer antes do Natal, data mais importante para o setor.

Algumas semanas atrás, executivos da Telefónica já haviam dito a investidores que a Vivo deveria implantar o GSM. Portugal Telecom e Telefónica compartilham o controle da operadora, que tem mais de 30 milhões de clientes.

Segundo um interlocutor familiarizado com o assunto, a estratégia da Vivo é abrir o leque de opções aos clientes, uma vez que os aparelhos CDMA são normalmente mais caros do que os GSM.

A Vivo é a única operadora no país adepta do CDMA e tem perdido mercado para a concorrência.

Porém, de acordo com essa fonte, outro objetivo da companhia é preparar o terreno para a adoção do WCDMA/UMTS quando a Anatel fizer a licitação das licenças de terceira geração. A versão do GSM que na qual a Vivo tem interesse é mais moderna do que a utilizada pela maioria das teles e permite migrar à terceira geração com menos gastos.

No entanto, a reação do mercado foi negativa. As ações preferenciais da empresa caíram 4,36% na sexta-feira e fecharam cotadas a R$ 5,26 - com a avaliação de analistas de que a implantação do GSM representará um enorme desembolso e não trará retorno imediato.

Para Alexandre Gärtner, sócio da consultoria Voga, um grande desafio será o reposicionamento de marketing, já que a Vivo sempre se desenvolveu uma campanha fortíssima baseada na promoção do CDMA. Na avaliação dele, o caminho será ofertar o GSM para o cliente menos sofisticado e manter o CDMA para quem quer soluções mais avançadas. (HM e TM)