Título: Dinheiro em caixa para ajudar o trânsito
Autor: Jaggi ,Marlene
Fonte: Valor Econômico, 19/12/2011, Especial, p. A7

Tema recorrente na história dos grandes centros urbanos de todos os países, a mobilidade urbana brasileira tem grandes chances de sair do plano das ideias nos próximos anos. O diferencial agora é que o governo tem caixa para as principais necessidades. "Não vamos ficar parados por falta de recursos", assegura Luiz Carlos Bueno de Lima, titular da Secretaria Nacional de Transporte e Mobilidade Urbana (SeMOB), vinculada ao Ministério das Cidades.São mais de R$ 30 bilhões oriundos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, para três frentes: empreendimentos necessários para a realização da Copa 2014; obras com foco na mobilidade de cidades com mais de 700 mil habitantes e pavimentação de vias. Do total, R$ 12 bilhões serão aplicados em obras situadas nas 12 cidades sedes da Copa; R$ 18 bilhões, em obras de transporte coletivo público nas grandes cidades (R$ 12 bilhões de financiamento e R$ 6 bilhões do Orçamento Geral da União) e R$ 1,79 bilhão em 236 propostas de pavimentação de vias, já selecionadas.

O valor do financiamento para as obras da Copa é de R$ 7,81 bilhões. Das 12 cidades, as que receberão recursos superiores a R$ 1 bilhão são Brasília, Belo Horizonte e São Paulo. A capital federal contará com R$ 1,17 bilhão para a construção de 41 quilômetros de Bus Rapid Transit (BRT), modelo de transporte coletivo de média capacidade idealizado para várias outras cidades dentro do PAC Copa (Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Curitiba, Manaus, Salvador e Belo Horizonte). São Paulo tem financiamento de R$ 1,08 bilhão para a construção de 18 quilômetros de monotrilho, meio de transporte previsto nas obras de mobilidade de Manaus. Outras obras dentro do PAC Copa são as necessárias à implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), nas cidades de Fortaleza, Brasília e Cuiabá e as intervenções para construção de vias, viadutos e corredores.

O programa de maior fôlego da SeMOB, porém, vai além das necessidades para os eventos esportivos. É o PAC Mobilidade Grandes Cidades, uma iniciativa considerada decisiva por Bueno de Lima. "São investimentos integrados no sistema de transporte público coletivo, destinados a acabar com os gargalos da mobilidade e a melhorar a qualidade de vida das pessoas nas grandes cidades, o que não é fácil, dadas as dimensões continentais e as diferenças regionais do Brasil.

Do rol de projetos para 24 municípios com mais de 700 mil habitantes fazem parte obras de metrô, corredores de ônibus e monotrilhos. Para Salvador está previsto R$ 1,6 bilhão na obra da linha 2 do metrô. O projeto prevê recursos de R$ 1 bilhão do governo federal e de R$ 600 milhões do estadual, além da outro R$ 1 bilhão da iniciativa privada. Belo Horizonte deverá receber R$ 1,75 bilhão para a construção da primeira etapa da Linha Azul do metrô, enquanto Porto Alegre e Curitiba terão recursos para ganhar seu primeiro metrô.