Título: Demora na privatização dos aeroportos preocupa
Autor: Castro , Gleise
Fonte: Valor Econômico, 19/12/2011, Especial, p. F7

O aeroporto de São Gonçalo do Amarante, a 28 quilômetros de Natal (RN), começou a ser construído há 14 anos, mas até hoje só tem a pista de pouso, embora esta seja uma das melhores do Brasil, segundo a presidente Dilma Roussef. Sua escolha para inaugurar a entrada da iniciativa privada na construção e exploração dos aeroportos não poderia ser mais simbólica da situação precária do setor no país. Com a Copa se aproximando e a expectativa de um movimento três vezes maior nos aeroportos, a privatização é a melhor maneira, no entender do governo, de apressar as obras espalhadas pelo país. Muitos acreditam, porém, que mesmo com as concessões não há mais tempo hábil para concluir as obras dos principais aeroportos até a Copa.

O aeroporto do Rio Grande do Norte, previsto para ficar pronto até 2014, será construído e explorado pelo consórcio Inframérica, formado pelas empresas Engevix e Corporación América, que venceu o leilão de 28 de novembro. Os próximos serão os aeroportos de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), com 20 anos de concessão, Viracopos, em Campinas (SP), com outorga de 30 anos, e o de Brasília, de 25 anos.

Os editais dos leilões desses três aeroportos tiveram a primeira de quatro fases alterada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no início de dezembro. O tribunal aprovou os estudos técnicos, econômicos e financeiros, porém determinou aumento dos valores de outorga previstos pelo governo para não prejudicar o interesse público. A corte entendeu que o governo havia superestimado os investimentos que os concessionários terão de fazer ao longo da concessão e, por isso, podem pagar mais ao poder público pelo direito de explorar os aeroportos. O maior aumento, de 907%, foi do aeroporto de Brasília, cujo valor mínimo de outorga deve passar de R$ 75,5 milhões para R$ 761 milhões.