Título: Pequenos negócios são mais afetados em Israel
Autor: Zeina Karam
Fonte: Valor Econômico, 27/06/2006, Internacional, p. A11

Economistas afirmam que o conflito opondo Israel ao Hezbollah não deve afetar tanto a economia israelense, contanto que os combates acabem logo.

Os maiores prejudicados por enquanto são os donos de pequenas lojas, motoristas de táxi e guias turísticos. Os foguetes que o Hezbollah vem lançando contra as cidades do norte de Israel, de Haifa a Nazaré, estão devastando os pequenos empresários e profissionais liberais na região.

O guia turístico Jonathan Cutler disse que os negócios começaram a despencar no dia 13 - o dia seguinte ao início dos combates -, enquanto ele acompanhava uma família californiana em viagem ao país. "Estávamos a caminho de Rosh Hanikra, um belo lugar na fronteira com o Líbano, quando começamos a ouvir os foguetes atingindo a estrada", disse. Desde então, Cutler viu todas as excursões que lideraria serem canceladas.

Na segunda, o Banco de Israel (BC) disse que a economia de US$ 130 bilhões ainda prometia fechar o segundo ano consecutivo em forte crescimento Se o cessar-fogo ocorrer logo, o prejuízo econômico deve ser relativamente pequeno, disse o banco, ao predizer uma perda de até 1% do PIB.

A Standard & Poor's disse que, graças um um forte primeiro semestre, espera que a economia do país cresça 4% em 2006.

"Até agora, o prejuízo não é tão grande para a economia israelense. Mas é claro que a atividade econômica de Haifa para o norte está parcialmente paralisada. Estamos falando de cerca de 20% da população israelense, ou cerca de 1,2 milhão de pessoas", disse Leo Leiderman, economista-chefe do banco israelense Hapoalim.

O mercado acionário do país está razoavelmente estável, com as ações se recuperando de perdas ocorridas no começo do conflito. A moeda israelense, o shekel, voltou a se fortalecer, após uma queda inicial ante o dólar.

Pnina Shaleva, porta-voz da Associação dos Hotéis de Israel, disse entender a preocupação de profissionais como Cutler, o guia turístico. O turismo é uma das principais áreas da economia do país e, antes do conflito, esperava-se que chegasse a níveis recordes neste ano.

Hotéis por todo o país, não apenas no norte, sofreram pesados cancelamentos pelo resto do ano. "Estimamos que hotéis no norte percam o equivalente a US$ 27 milhões nesse primeiro mês de combates", disse.

Isso significa que, em destinos turísticos importantes, como Nazaré, taxistas, donos de restaurante e até vendedores em barracas de falafel sejam muito prejudicados.

As associações industriais dizem que as limitações às atividades das fábricas em Haifa e no norte já custaram até US$ 89 milhões. Cerca de 35% das 1.800 fábricas na região estão fechadas e 35% estão operando apenas parcialmente.

Uriel Lynn, presidente da Federação das Câmaras de Comércio de Israel, disse que importadores e exportadores que normalmente usam o porto de Haifa estão sofrendo bastantes. Os navios estão sendo desviados para o porto de Ashdod, no sul, forçando-os a pagar fretes maiores para levar seus produtos de caminhão.

Os donos de pequenos estabelecimentos comerciais no norte do país estão tentando sobreviver levando seus produtos de carro para cidades ao sul, como Tel Aviv, e os vendendo nas ruas.