Título: CVM libera negociação de ações da Varig na Bovespa
Autor: Roberta Campassi
Fonte: Valor Econômico, 27/07/2006, Empersas &, p. B2

Depois de suspender durante todo o dia de ontem as operações com ações da Varig listadas na Bovespa, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou, no fim do dia, que a partir de hoje os papéis poderão voltar a ser negociados. A suspensão ocorreu porque a empresa não cumpriu o prazo determinado pela autarquia para apresentar fato relevante esclarecendo como ficarão seus papéis após a mudança do controle da companhia.

A Varig tinha até ontem, antes da abertura do mercado, para enviar as informações à CVM. A empresa foi vendida em leilão para a ex-subsidiária de logística VarigLog pelo preço mínimo de US$ 20 milhões.

"Considerando que a administração da Varig não divulgou qualquer fato relevante ou comunicado ao Mercado acerca do negócio mencionado (venda da companhia), a CVM decidiu, nos termos da Instrução CVM nº 297/88, suspender a negociação, até a prestação da informação, ou até posterior decisão da autarquia", informou a CVM, em nota ontem pela manhã.

À tarde, a Varig encaminhou dois comunicados e um fato relevante à autarquia e à Bovespa, com explicações sobre a venda da marca Varig e ativos operacionais no leilão realizado na semana passada. No fato relevante, a empresa ressaltou que não há em seu plano de recuperação judicial "previsão que implique em alteração nas posições acionárias nas companhias".

Com isso, as ações dos minoritários da empresa continuam na Varig "velha", que herdou uma dívida de cerca de R$ 7 bilhões e permanece em recuperação judicial. Até ontem, os investidores ainda estavam confusos sobre o futuro das ações e alguns chegaram a pedir esclarecimentos à CVM.

Em nota, no fim do dia, a CVM informou que após análise do fato relevante e dos comunicados divulgados pela empresa decidiu autorizar o reinício, a partir de hoje, das negociações das ações da Varig listadas na Bovespa.

Ontem, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou, também em nota, que a Nova Varig está cumprindo a planilha de retomada da malha aérea divulgada pela empresa na terça-feira. Ficou determinado que a companhia aérea manterá a malha operada durante o plano de emergência, em vigor desde 21 de junho. A Varig tem 30 dias para informar à Anac sua malha definitiva. Caso contrário, as rotas serão redistribuídas pela agência.

A malha temporária enviada pela companhia área à Anac prevê onze vôos: Rio-São Paulo (Galeão-Guarulhos), São Paulo-Salvador-Recife, Recife-Salvador-São Paulo, São Paulo-Rio (Guarulhos-Galeão), São Paulo-Porto Alegre (a partir de Guarulhos), São Paulo-Porto-Alegre-São Paulo (a partir de Congonhas), São Paulo-Manaus-São Paulo, São Paulo-Fortaleza, Rio-Buenos Aires, São Paulo-Nova York e São Paulo-Frankfurt. Estes vôos não incluem a ponte aérea Rio-São Paulo. A empresa opera 36 vôos diários na ponte.

O Valor apurou que amanhã a Varig pode anunciar a demissão de grande parte de seus funcionários. A nova empresa ficaria com 1,7 mil dos cerca de dez mil empregados da Varig "velha". A expectativa é de que a VarigLog encomende até o fim do ano 30 novas aeronaves, o que significaria a contratação de mais cinco mil pessoas.