Título: Vôos estão mais cheios que o normal no segundo semestre
Autor: Roberta Campassi
Fonte: Valor Econômico, 27/07/2006, Empersas &, p. B2

Vinte e quatro jogadores, mais a comissão técnica e a diretoria do time formavam um grupo de 60 pessoas. O jogo na competição estava garantido, mas faltava o lugar no avião. Até o São Paulo enfrentou transtornos para viajar depois que não encontrou passagens para o México, onde disputou ontem o primeiro jogo da fase semi-final da Taça Libertadores da América, com o Chivas Guadalajara. A solução foi desembolsar US$ 200 mil para fretar um vôo de 15 horas da Rico Linhas Aéreas e chegar, finalmente, ao país em que a disputa ocorreu. Devido à redução das operações da Varig nos últimos meses e à crescente demanda no setor aéreo, os vôos estão lotados e encontrar passagens requer paciência. E a quem não pode fretar um vôo, como fez o São Paulo, recomenda-se antecipação.

"Quem quiser viajar no fim do ano, deve comprar as passagens já", afirma Leonel Rossi Jr., diretor da Associação Brasileira das Agências de Viagens (Abav). Segundo ele, a maior dificuldade é encontrar bilhetes para a Europa. Com o corte de vôos da Varig, a oferta de vôos para o continente caiu 25%. Por causa disso, as taxas de ocupação das aeronaves, que estavam em torno de 80%, subiram para perto da lotação.

Julho é, tradicionalmente, um mês de alta ocupação nos vôos. No entanto, segundo algumas agências de viagens, os vôos domésticos e internacionais estão cheios até o final de setembro, acima do que é normal para a época. "Está terrível", afirma Reifer Souza Jr., da Maringá Turismo, agência especializada em turismo de negócios. "Em 20 anos nesta agência, nunca vi um período como este", diz.

"O pior é que, além de escassas, as passagens estão caríssimas", conta Fernanda Fernanda Portugal Gouvêa, diretora da agência PrimeTour. "Passagens que custavam em média US$ 1,2 mil, estão sendo compradas por US$ 1,9 mil", afirma.

De acordo com Gol e TAM, as duas maiores companhias aéreas brasileiras, não houve aumento no preço médio das tarifas, mas a maior demanda reduz o número de tarifas com preços promocionais disponíveis para compra.

No primeiro semestre deste ano, o mercado de aviação comercial cresceu 21,5%, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Entre os motivos para o crescimento estão o dólar baixo, a estabilidade da economia e a facilidade de parcelamento das viagens.

Recentemente, Gol e TAM, anunciaram negociações com fabricantes de aeronaves para ampliar suas frotas além do que já estava previsto. Para completar, diversas companhias estrangeiras, como British Airways e Air France, vão criar novos vôos com destino ao Brasil para acomodar o maior fluxo de passageiros.

Na terça-feira, a Varig retomou vôos para seis destinos nacionais e nove internacionais, com freqüências reduzidas, depois de ter recebido ordem da Anac para que a malha fosse restituída.

"Os brasileiros são conhecidos por fazer tudo em cima da hora, mas precisam aprender a fazer as coisas com mais antecedência", diz Fernanda, da PrimeTour, como recomendação aos turistas de lazer. Já para quem viaja a negócios, a executiva recomenda mais flexibilidade em datas e horários, para que seja possível encontrar as melhores passagens.