Título: Suplente também enrolado
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 11/09/2010, Política, p. 11

Além de fantasmas, substituto complica a vida do senador Efraim Morais, que tenta a reeleição

A candidatura à reeleição do senador Efraim Morais (DEM-PB) está pendurada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido à pendência de um de seus suplentes. A corte deve analisar nos próximos dias o pedido de impugnação do primeiro suplente do parlamentar, que foi enquadrado nos critérios da Lei da Ficha Limpa. Carlos Antônio Araújo de Oliveira (DEM) teve suas contas rejeitadas quando era prefeito de Cajazeiras (PB). Se o TSE rejeitar a candidatura do ex-prefeito, o DEM da Paraíba terá que encontrar um substituto às pressas para pôr no lugar de Carlos Antônio e manter a candidatura de Efraim ao Senado.

O Ministério Público Eleitoral da Paraíba (MPE-PB) pediu o indeferimento da candidatura do primeiro suplente de Efraim alegando que Carlos Antônio teve as contas rejeitadas pela Câmara Municipal porque realizou despesas com dinheiro público sem abrir licitação para os gastos. Mesmo assim, as contas do candidato a suplente foram aprovadas pelo Tribunal de Contas da Paraíba. Apesar dos indícios de irregularidade apresentados pelo MPE-PB, o Tribunal Regional Eleitoral do estado (TRE-PB) decidiu aprovar a candidatura do suplente. O Ministério Público, entretanto, recorreu ao TSE alegando que o ex-prefeito não demonstrou as circunstâncias excepcionais que o levaram a não atender o comando legal e que o Tribunal de Contas e o TRE-PB ignoraram as irregularidades na gestão do candidato a primeiro suplente de Efraim. Carlos Antônio alega que o Ministério Público Eleitoral não demonstrou que suas contas foram rejeitadas pela Câmara Municipal de Cajazeiras.

O processo de registro eleitoral envolvendo a candidatura de Efraim foi marcado por pendências. O segundo suplente do senador candidato à reeleição, Ramalho Leite (PPS), titubeou antes de fechar com a chapa do parlamentar do DEM, temendo que as denúncias de utilização irregular de dinheiro público no gabinete do senador pudessem atingir sua imagem. A candidatura de Ramalho também foi submetida ao TRE-PB, que apurou irregularidade em seu registro de filiação partidária.

Entre esses problemas, as denúncias que deram origem ao inquérito em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura a existência de um esquema de contratação de funcionários fantasmas no gabinete de Efraim desarticularam a candidatura do parlamentar.

Finanças O escândalo também afetou as finanças da campanha de reeleição do senador. Na Paraíba, Efraim é o candidato com menor arrecadação, até agora, entre os principais adversários. O parlamentar declarou receitas de R$ 217 mil, mas não conseguiu nenhuma doação de empresas. De acordo com a prestação de contas ao TSE, desse montante, R$ 185 mil vieram do próprio bolso de Efraim. Os maiores gastos dele foram com material impresso de campanha e contratação de instituto de pesquisa.

Atualmente, o senador do DEM está em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de votos para o Senado na Paraíba, atrás do deputado federal Vital Filho (PMDB). O ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) lidera as pesquisas, apesar de ter o registro rejeitado, pois foi enquadrado pela Lei da Ficha Limpa. Apesar de responder a dois inquéritos no STF, Efraim não tem condenação transitada em julgado e não foi considerado ficha suja pelo TRE da Paraíba.