Título: Lula define hoje salário mínimo e IR
Autor: Cristiano Romero e Henrique Gomes Batista
Fonte: Valor Econômico, 13/12/2004, Política, p. A-7

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decide hoje o novo valor do salário mínimo e a correção da tabela do Imposto de Renda. Uma das possibilidades, segundo informou o ministro da Casa Civil, José Dirceu, é que o mínimo - que hoje está em R$ 260,00 - seja reajustado para R$ 290,00 em janeiro e R$ 300,00 a partir de maio. Para o IR, a correção acontecerá, mas depende de estudos que o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, apresentará hoje ao presidente Lula. Dirceu anunciou no sábado que tanto o aumento do mínimo e a correção da tabela são prioritários. Segundo ele, a proposta do novo mínimo está quase certa, com os dois reajustes em 2005, mas o presidente ainda vai analisar na reunião de hoje as propostas das centrais sindicais, que desejam um salário mínimo de R$ 320,00. Como a prioridade dada ao salário mínimo, a correção da tabela do IR será mais modesta. "Vamos priorizar o salário mínimo. Não dá para aumentar o gasto com o mínimo e reduzir a arrecadação do IR", afirmou o líder do governo na Câmara, deputado Professor Luizinho (PT-SP). As centrais sindicais pedem que a tabela seja reajustada em 17,5%, percentual à inflação acumulada nos últimos dois anos. Escolhido como porta-voz da reunião ministerial, Dirceu disse que, entre as prioridades do governo para 2005, estão os investimentos em infra-estrutura, necessários, segundo ele, para dar sustentabilidade ao crescimento econômico. Ele confirmou que a reforma sindical será enviada ao Congresso no início de 2005, mas alertou que a trabalhista ficará para o fim de 2006. Defendida pelo Ministério da Fazenda, a proposta de independência do Banco Central não está entre as prioridades para 2005, "mas pode entrar", afirmou José Dirceu. O ministro disse que a situação da economia no próximo ano não deverá repetir os mesmos resultados de 2004. "A situação econômica em 2005 não será tão boa, mas internamente continuaremos no mesmo caminho", afirmou. Na reunião, o único momento em que o presidente Lula manifestou irritação foi quando se falou do Pronaf (Priograma Nacional de Apoio à Agricultura Familiar), ao qual o governo destinou este ano R$ 7 bilhões. O presidente pediu explicações sobre o fato de os recursos não estarem sendo liberados pelo Banco do Brasil. "É o gerente que é incompetente, é o gerente que é contra nós, é o quê?", cobrou Lula. O ministro Miguel Rossetto atribuiu o problema à greve dos funcionários do BB em setembro. O presidente cobrou também maior fiscalização nos gastos da área de saúde. Já o ministro Luiz Fernando Furlan reclamou da morosidade do BNDES. Segundo ele, o banco fechará o ano deixando de emprestar R$ 13 bihões de seu orçamento original, de R$ 47,3 bilhões. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, disse que o Brasil deverá bater este ano mais um recorde na produção agrícola - a safra deverá chegar a 130 milhões de toneladas. Mas, advertiu o ministro, o país terá problemas porque os preços das commodities estão caindo no mercado internacional, principalmente, dos produtos em que o país está tendo expansão da safra - soja, algodão, trigo. Por isso, ele pediu reforço no orçamento para que o governo compre parte da produção e, assim, contribua para que o preço não caia tanto.