Título: Partido busca fusão com o PDT para disputar sucessão de 2006
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/12/2004, Política, p. A-7

As conseqüências da decisão do diretório nacional do Partido Popular Socialista (PPS) de deixar a base de apoio do governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva, tomada no sábado, ainda não estão claras para os membros da chamada "ala governista" do partido. Mas o ex-ministro das Comunicações de Lula e deputado federal Miro Teixeira (RJ), disse que toda sua expectativa agora é de uma fusão do PPS com o PDT. A maioria dos 113 delegados do PPS que participaram da reunião plenária do diretório nacional no sábado e que durou cerca de nove horas, decidiu pelo rompimento com a base do governo e a entrega dos cargos, concordando com proposta do presidente nacional da legenda, o deputado federal, Roberto Freire. Não houve contagem de votos, mas a estimativa é de que 60% a 65% tenham optado pela saída. Na sexta-feira, em encontro que reuniu o PPS e o PDT, com a presença do senador Cristóvam Buarque (PT-DF), convocou-se, para o primeiro semestre do próximo ano, uma convenção nacional da "esquerda democrática". O objetivo é a busca de uma candidatura alternativa à polarização PT-PSDB. A decisão do partido foi criticada pelo líder da bancada do PPS na Câmara dos Deputados, o deputado federal Júlio Delgado (MG). "Essa decisão fragmenta e compromete nossa unidade ", disse Delgado. O líder disse que representa a posição de 17 dos 23 deputados federais do PPS, além de vários prefeitos que não foram ouvidos. Esse também foi o argumento apresentado por Patrícia Saboya. "Eu estou insegura. Com essa discussão sobre ficar fora ou dentro do governo, o partido fica fraco. E peço cautela porque isso pode ser uma derrota de toda a esquerda nesse país", disse Saboya. Mais tarde, depois de votada a proposta de sair do governo, a senadora se disse "desconfortável" em permanecer no PPS. Roberto Freire defendeu a decisão do seu partido dizendo que ela trará mais independência. "Continuamos abertos ao diálogo com o governo e caso a decisão seja a favor do país vamos apoiar", disse. O PPS elegeu dois senadores, Mozarildo Cavalcanti (RR) e Patrícia Saboya Gomes (CE), dois governadores, Blairo Maggi (MT) e Eduardo Braga (AM), além de 23 deputados federais, tendo hoje cerca de 45 deputados estaduais e 310 prefeitos. (C.S.)