Título: Crise na Volks espanta fornecedores no Paraná
Autor: Marli Lima e Marli Olmos
Fonte: Valor Econômico, 18/07/2006, Empresas &, p. B9

Em duas semanas a alemã Kromberg & Schubert, que faz chicotes elétricos e tem a Volkswagen como uma de suas principais clientes, fechará as portas no Paraná, onde chegou em 1998 para instalar-se no município de São José dos Pinhais. Ela irá concentrar sua produção em Itatiba (SP), onde desembarcou dois anos antes.

A empresa chegou a atuar em dois endereços no Paraná. No primeiro, tinha cerca de 300 funcionários. Em 2005, mudou-se para um local maior e chegou a ter 1,3 mil trabalhadores. Atualmente conta com apenas 10 pessoas na unidade, que estão cuidando de questões logísticas ligadas à transferência das operações.

Fontes do setor automotivo informam que a Metagal , tradicional fabricante de retrovisores, se prepara para fechar a fábrica do Paraná em razão da crise na Volks. Procurada, a empresa não se pronunciou a respeito. O Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba informa que 11 rescisões de contratos da Metagal foram marcadas para esta semana.

Mas a entidade não tem informações a respeito de eventual fechamento da fábrica. Fontes informam que o plano é direcionar a produção de retrovisores do Paraná para Minas Gerais, onde o custo de mão-de-obra está mais baixo.

Uma fonte da Kromberg & Schubert informou que a redução da produção no Estado começou em fevereiro. A decisão foi motivada, em parte, pela queda nas encomendas. Mas questões salariais também teriam sido avaliadas. "Em Itatiba o piso salarial é menor", disse. A empresa continuará fornecendo, a partir do município paulista, peças para Volks no Paraná.

A decisão da Kromberg foi tomada antes do anúncio das demissões da montadora, mas o setor de autopeças do Estado teme por um efeito em cascata. Ontem a unidade paranaense da Volks entrou em férias coletivas de 10 dias. É a quarta vez no ano que a montadora concede férias.

A unidade do Paraná deve ser a próxima afetada pelo programa de enxugamento na Volks, que prevê a demissão entre 4 mil a 6 mil dos 21 mil funcionários das três fábricas de carros da empresa no Brasil até 2008. Informações inicialmente divulgadas pelos sindicatos davam conta de que no Paraná haverá um total de 1,4 mil demissões, com cerca de 900 já neste ano.

Hoje à tarde os empregados de Taubaté (SP) serão informados sobre o plano de demissões naquela unidade, que já definiu 160 dispensas ainda neste mês, mais 140 até o final do ano e total de 700 até 2008. Em São Bernardo do Campo os trabalhadores estão protegidos até novembro por um contrato de estabilidade no emprego.

Jamil Davila, funcionário da Volkswagen em São José dos Pinhais e secretário do sindicato, informou que desde dezembro a montadora está demitindo. Ele garante que dos 4,2 mil trabalhadores do ano passado, atualmente a montadora estaria com aproximadamente 3,8 mil.

Como o sindicato não concorda com as demissões, as negociações com a montadora estão paradas. O governo do Paraná também tem acompanhado o assunto e, na semana passada, informou que só com o diferimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a empresa deixou de pagar R$ 700 milhões.