Título: Opep anuncia corte na sua produção, mas o barril não aumenta
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Fonte: Valor Econômico, 13/12/2004, Internacional, p. A-9
A Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidiu na sexta-feira que seus membros vão reduzir o excedente de produção em aproximadamente 1 milhão de barris/dia. O corte entra em vigor em 1º de janeiro. A decisão deve pressionar a cotação do petróleo, pois a produção menor deve limitar ou até mesmo interromper o processo de recuperação de estoques dos EUA, fato que vinha tranqüilizando o mercado. O corte vai levar a produção da Opep ficar perto da cota oficial do cartel, que é de 27 milhões de barris/dia. A produção excedente estava entre cerca de 1,1 milhão e 1,7 milhão de barris/dia. Os membros da Opep só devem voltar a se reunir em 31 de janeiro, quando discutirão os níveis de produção dos países-membros.
Para o ministro da Energia da Venezuela, Rafael Ramírez, o corte "é um bom sinal da Opep para evitar a queda dos preços". "Buscamos a estabilidade", disse. Segundo o ministro do Petróleo do Kuait, Fahad Al-Ahmad Al-Sabah, todos os membros do Opep concordam com a redução do excesso de produção e com a manutenção da cota oficial. Na semana passada o ministro saudita do Petróleo, Ali Al-Naimi, disse por que apoiava a idéia de cortar ao menos 1 milhão de barris/dia nos excedentes de produção: "É importante interrompermos o colapso de preços". Segundo ele, a Arábia Saudita assumiria a redução de ao menos 500 mil barris/dia. Alguns representantes de países da Opep, entretanto, não estavam tão otimistas no final da semana. O ministro do Petróleo da Líbia, Fathi bin Shatwan, afirmou que, apesar de ser possível para alguns membros do cartel reduzir a produção imediatamente, para outros isso poderia levar mais tempo. Com a expectativa da redução da cota, os preços registraram ligeiro avanço na sexta-feira. O barril para janeiro fechou na quinta-feira a US$ 42,53, alta de 1,4%. Entretanto o barril fechou a US$ 40,71, maior baixa em quatro meses. Segundo analistas, essa baixa se deveu à desconfiança do mercado de que o cartel vá realmente levar adiante seus planos. No fim de outubro, o preço chegou ao pico de US$ 55,67 durante a negociação. Essa escalada se deveu em muito aos temores de que as reservas americanas para o inverno fossem insuficientes. Nos últimos meses do ano, quando é frio no hemisfério Norte, o uso de combustível sobe muito por causa dos sistemas de aquecimento. O secretário do Tesouro dos EUA, John Snow, disse que a decisão da Opep não deve prejudicar a economia global. O petróleo ainda custa 28% mais do que custava há um ano. Aparentemente deve apontar o quinto ano de aumento em seis anos. Snow havia anteriormente se mostrado preocupado que o barril cotado a mais de US$ 40 pudesse ser uma ameaça para a economia dos EUA e do mundo, ao aumentar as despesas e consequentemente a inflação. "É uma questão que vamos seguir de perto", disse ontem o secretário, após um encontro no Marrocos com ministros da área econômica dos países da África do Norte e do Oriente Médio. "A economia global está num bom caminho de crescimento. É importante que permaneçamos nele."