Título: OHL diz ter R$ 400 milhões para investir em rodovias
Autor: Vanessa Adachi e Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 13/12/2004, Empresas, p. B-3

A espanhola OHL Concesiones prepara-se para participar ativamente da nova etapa de licitações de rodovias no Brasil. Presente no país desde 2001, a companhia já investiu mais de R$ 400 milhões na aquisição e capitalização de três concessionárias no Estado de São Paulo. "Estamos dispostos a investir pelo menos a mesma quantia", diz José Carlos de Oliveira, diretor-geral das concessionárias Autovias, Intervias e Centrovias, controladas pela OHL. "O Brasil é um dos focos principais do grupo no momento", diz ele. A OHL Concesiones está presente na Espanha, México, Chile e Argentina. Além de concessões de estradas, opera também alguns portos (Barcelona) e aeroportos (Cidade do México).

No Brasil, com 905 quilômetros sob sua administração, 15% das receitas com pedágio do mercado paulista e 8% das receitas totais do país, o grupo disputa com a Ecorodovias a segunda posição entre as concessionárias de estradas no país. O primeiro lugar é ocupado pela Companhia de Concessões Rodoviárias (CCR), que detém cerca de 40% do mercado em receita com pedágios, tanto em São Paulo quanto no país. "Estamos nos preparando para as futuras licitações e vamos competir", diz Oliveira, sem, no entanto, especificar quais trechos despertam maior interesse da empresa. De acordo com o executivo, a OHL poderá se associar a alguém para participação das concorrências. "Pretendemos ter sócios brasileiros. Desde que chegamos aqui estamos abertos a isso." De acordo com ele, uma associação poderia ser até mais ampla, na própria holding que detém as concessões. Oliveira diz que o grupo considera importante ter parceria com uma empresa local, que conheça o mercado mais a fundo. Mas, segundo ele, não existe negociação em curso no momento. Nem mesmo com a Ecorodovias, como já se especulou no setor. Sobre os planos de crescimento, além de participar das licitações, o executivo diz que a OHL tem interesse em empresas que sejam colocadas à venda por seus acionistas, a exemplo do que aconteceu com a ViaOeste recentemente, que foi adquirida pela CCR após um disputado processo de venda. "Outro grupo ganhou, isso é do mercado", afirma. Se tivesse levado a ViaOeste, a OHL teria desembolsado quase R$ 500 milhões. Em 2005, Oliveira diz que os planos são de consolidar as operações das três concessionárias. Uma delas, a Intervias, com 364 quilômetros na região de Araras, só foi incorporada neste ano. A primeira concessão comprada pela OHL foi a Autovias, que administra 317 quilômetros de estradas na região de Franca. Em 2002 foi a vez da Centrovias, que tem 218 quilômetros da região de Jaú e Bauru. É no Brasil que o grupo administra a maior extensão de rodovias. Emprega, para isso, mil funcionários diretos. Somando-se terceirizados e funcionários das construtoras, o número sobe a 3, mil. "Hoje, todos os executivos já são brasileiros", diz Oliveira. Até recentemente, era um espanhol, Felipe Ezquerra, quem respondia pela operação brasileira. Mas o executivo foi promovido dentro da estrutura do grupo e passou a diretor-geral financeiro da OHL Concesiones, em Madri. Ainda não está fechado quem dirigirá a holding brasileira.