Título: Vale pode ser sócia da Arcelor no Mar
Autor: Vera Saavedra Durão
Fonte: Valor Econômico, 13/12/2004, Empresas, p. B-4

A terceira usina de aço do Maranhão poderá ser construída pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) em sociedade com a Arcelor. As duas já negociam a participação no primeiro projeto com a chinesa Baosteel. A italiana Riva também tem chance de ser a sócia da Vale na terceira usina. As informações são de José Carlos Martins, diretor de novos negócios da Vale. A Vale participa dos três projetos. O primeiro em sociedade com a Baosteel. No segundo projeto, a parceria é com a coreana Posco. Em ambas a participação da brasileira será de 30%. No mercado circula o rumor de que Arcelor e os chineses não estão se entendendo. A siderúrgica européia quer a usina operada pela CST, o que teria irritado a Baosteel. Na sexta-feira, Roger Agnelli, presidente da Vale, disse que "o relacionamento entre a Baosteel e a Arcelor é o melhor possível". Mas indicou, em seus comentários, que as duas estavam andando em ritmo diferente no tocante ao projeto. Ele disse que a Baosteel "está andando muito rápido nos estudos do projeto", enquanto "a Arcelor está envolvida na consolidação da compra de 100% da CST". Por essa razão, acenou com a possibilidade de a CST substituir a Arcelor no projeto com a chinesa. A Vale espera que a participação da Arcelor no empreendimento com a Baosteel seja definida em breve. Está marcada para o final de janeiro uma reunião decisiva com os sócios do projeto e, na ocasião, a Arcelor vai comunicar sua decisão. Martins mostrou preocupação com os rumos do empreendimento, que segundo ele, tem problemas a resolver com a comunidade local e está muito onerado pela carga tributária, como mostrou o estudo de viabilidade. O estudo calculou um investimento 20% superior ao previsto. "Basicamente a carga tributária foi a responsável por este aumento no investimento. No Brasil, a carga tributária incide em 20% sobre o investimento e lá fora é de 5%", afirmou. Martins disse que já foram feitos contatos com os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento. A Vale vai produzir 190 milhões de toneladas de minério neste ano, devendo aumentar sua produção em 300 milhões nos próximos quatro anos. A empresa enviou questionário aos clientes no mercado doméstico para saber a demanda para os próximos dez anos e tentar garantir o suprimento.