Título: Chapa unida na reta final
Autor: Boechat, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 11/09/2010, Cidades, p. 34

Ainda sem o registro da candidatura, Joaquim Roriz pede esforço total aos aliados e reafirma, a todo instante, que está no páreo. Ele diz esperar que o Supremo defina sua situação na próxima semana

Desde que teve o registro de candidatura barrado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em 4 de agosto último, o postulante ao Buriti Joaquim Roriz (PSC) dedica grande parte do tempo para afirmar a sua participação nas eleições. A frase sou, sim, candidato é repetida por ele e pelos aliados em programas de televisão, comícios e carimbadas em milhares de santinhos. A tática da equipe azul foi reunir a militância e os correligionários para passar o recado de união. Desde a última segunda-feira, Roriz passou as tardes reunido com integrantes da Coligação Esperança Renovada para pedir dedicação em busca da sua vitória. A mudança de estilo na reta final da campanha é uma tentativa de rebater o discurso adotado pelos adversários no último mês, de que Roriz está fora da disputa.

O ex-governador depende do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) previsto para as próximas semanas para retomar o foco original da campanha. Preciso desse julgamento para a semana que vem. Essa incerteza dá margem ao partido da oposição confundir o eleitor, defendeu. Enquanto isso, ele se diz otimista e entusiasmado. Não tenha dúvida de que o Supremo vai me dar ganho de causa porque é uma questão constitucional. Isso sendo julgado, eu vou para a rua com mais fogo e dedicação, garantiu ao Correio. Em mais uma tentativa de antecipar a palavra final dos ministros, os advogados do ex-governador protocolaram um novo recurso no STF questionando a decisão do ministro Carlos Ayres Britto, que na quinta-feira indeferiu um recurso, chamado de reclamação, de Roriz.

O novo documento será encaminhado para decisão colegiada. O candidato do PSC, no entanto, ainda aguarda tramitação de outros recursos na Justiça (veja quadro). O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, tem em mãos um Recurso Extraordinário protocolado pela defesa do ex-governador. Na ação, os advogados pedem que a Suprema Corte se posicione sobre a situação. Na última quinta-feira, Lewandowski e o presidente do STF, Cezar Peluso, indicaram que a matéria pode ser definida antes do primeiro turno das eleições.

Reunião Ontem foi a vez de Roriz se reunir com o DEM e o PSDB, legendas dos candidatos ao Senado pela coligação Alberto Fraga e Maria de Lourdes Abadia, respectivamente. Desde o início, o ex-governador enfrentou divergências com os dois partidos. Fraga, que foi secretário de Transportes do governo de José Roberto Arruda, chegou a abandonar a campanha após ser vaiado em comícios onde aparecia ao lado de Roriz. Já o presidenciável tucano, José Serra, ainda não participou da campanha do candidato do PSC. O Democratas já teve problemas, mas hoje é limpíssimo. Quem sobrou é de muito valor, discursou Fraga ao lado do presidente da legenda e candidato a deputado federal, Adelmir Santana.

Ao som de tambores e em meio a muitas bandeiras dos candidatos aliados, em seu escritório político no Setor de Indústrias e Abastecimento (SIA), Roriz reforçou o discurso de união. Uma pessoa ontem veio me dizer que só votaria em mim e não na chapa. E eu disse que se fosse assim, dispensava meu voto. Ou é na chapa toda ou em ninguém, ressaltou. Abadia seguiu a mesma linha. Se não quiserem votar em Fraga, também não precisam votar em mim. Não quero ser parceira de Cristovam (Buarque) e (Rodrigo) Rollemberg. Se for assim, prefiro perder. A deputada distrital Eliana Pedrosa (DEM), candidata à reeleição, esteve presente. Ela costumava criticar a atitude de Roriz de não deixar os distritais discursarem no palanque. E também nunca fez questão de ligar seu nome ao de Roriz nas bandeiras, santinhos e nos adesivos.

DIFERENÇA AMPLIADA » Pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra que a vantagem de Agnelo Queiroz (PT) sobre Joaquim Roriz (PSC) subiu de seis para 11 pontos percentuais. De acordo com o levantamento, o candidato petista saltou de 35% para 44% das intenções de votos, enquanto seu principal adversário na disputa pelo Palácio do Buriti caiu de 41% para 33%. Toninho do PSol manteve 3% da preferência do eleitorado, enquanto Eduardo Brandão (PV), Rodrigo Dantas (PSTU) e Newton Lins (PSL) aparecem com 1% cada. Os indecisos somam 11% e outros 7% pretendem votar em branco ou nulo. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Na simulação de um eventual segundo turno, Agnelo aparece com 50% das intenções de voto, contra 39% de Roriz. A pesquisa, feita nos dias 8 e 9 com 878 eleitores, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número 28808/2010.

"Preciso desse julgamento para a semana que vem. Essa incerteza dá margem ao partido da oposição confundir o eleitor Joaquim Roriz, candidato do PSC ao GDF

O número 845 Total de supervisores de local de votação

Caminhos da defesa

Os advogados de Joaquim Roriz (PSC) encamparam três frentes para tentar derrubar os efeitos da Lei da Ficha Limpa.

1) Tribunal Superior Eleitoral (TSE) » Em 31 de agosto, por seis votos a um, os ministros validaram decisão do TRE-DF e barraram a candidatura de Roriz com base na Lei Complementar (LC) nº 135, a Lei da Ficha Limpa.

» Os advogados do ex-governador e da coligação Esperança Renovada entraram, nos últimos dias 3 e 4, com Recurso Extraordinário para contestar a decisão do plenário do TSE.

» Roriz aguarda as medidas do presidente do tribunal, Ricardo Lewandowski, que deve publicar o acórdão do julgamento e decidir se o recurso pode subir ao STF. Se ele opinar contrariamente à admissibilidade da ação, os advogados podem entrar com um Agravo de Instrumento no Supremo.

2) Supremo Tribunal Federal (STF) » Os advogados tentam encurtar o tempo de análise da constitucionalidade da lei. No último dia 6, eles ingressaram com Reclamação contra a decisão do TSE. A defesa alegou que os ministros não seguiram os entendimentos do STF.

» Na madrugada de quinta-feira, o ministro Carlos Ayres Britto julgou o recurso improcedente e rejeitou a Reclamação.

» No mesmo dia, a defesa ingressou com Agravo Regimental contra essa nova decisão e agora o caso deverá ser revisto por um colegiado.

3) 9ª Vara da Justiça Federal » A defesa de Roriz tenta desde 31 de agosto invalidar a alínea K criada pela Lei da Ficha Limpa. Eles ingressaram na Justiça Federal com uma ação cautelar inominada para afastar da norma eleitoral a renúncia de mandato como condição de elegibilidade.

Debate entre candidatos ao GDF

Na próxima terça-feira, a partir das 22h, quatro candidatos ao Governo do Distrito Federal vão participar de um debate promovido pelos Diários Associados. A discussão será transmitida ao vivo pela TV Brasília, logo após o programa Rede TV News, e também pela internet, no site do Correio (www.correiobraziliense.com.br). Agnelo Queiroz (PT), Joaquim Roriz (PSC), Eduardo Brandão (PV) e Toninho do PSol confirmaram presença. Os nomes foram selecionados seguindo a legislação eleitoral, que determina que sejam convidados a participar desse tipo de programa todos os políticos que fazem parte de partidos políticos com representação na Câmara dos Deputados.

Site Ao acessar o site do jornal às 22h, o internauta deverá clicar na manchete, o que o redirecionará a uma página de videochat. Será possível fazer comentários durante as discussões. Mas até lá, a população também poderá enviar pergunta a um dos candidatos. Para isso, basta entrar na seção Eleições 2010 do site e clicar na chamada à direita da tela. Em seguida, a pessoa deve preencher um formulário com dados pessoais e escrever a questão. A organização selecionará uma pergunta, que será feita pelo próprio leitor-internauta na terça-feira.

O programa será dividido em cinco blocos, cada um deles com duração média de 15 minutos. As rádios Clube AM e Clube FM vão trazer flashes ao vivo. No dia seguinte, o Correio Braziliense e o Aqui publicarão reportagens especiais sobre o encontro. Segundo os organizadores, a cobertura em plataforma multimídia visa reforçar a democracia do processo eleitoral.

O número 14 de setembro Data em que será realizado o debate promovido pelos Diários Associados