Título: Índice do BC mostra queda na atividade
Autor: Izaguirre, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 18/11/2011, Brasil, p. A4

O índice calculado e usado pelo Banco Central para antecipar a tendência do Produto Interno Bruto (PIB) indica que a economia brasileira, que já vinha se desacelerando, parou de crescer no terceiro trimestre deste ano. Medido pelo IBC-Br, o nível de atividade econômica não só não cresceu como ainda se retraiu em relação ao trimestre anterior. A queda foi de 0,32% na versão dessazonalizada do índice e de 0,47% na série sem ajustes sazonais.

O IBC-Br não registrava redução num trimestre desde o período janeiro-março de 2009, ano em que a crise financeira mundial derrubou o PIB do país. Do primeiro para o segundo trimestre de 2011, o índice cresceu 0,5% na série sazonalmente ajustada e de 4,7% sem os ajustes. Divulgado ontem, o comportamento do indicador no terceiro trimestre deste ano confirma o cenário previsto pelo Banco Central em agosto e que o levou a inverter a trajetória da taxa básica de juros, a Selic, desde então reduzida duas vezes, de 12,5% para 11,5% ao ano.

A preocupação com o nível de atividade da economia doméstica, que sofrerá com o baixo crescimento mundial, foi também o que levou o Banco Central a relaxar parcialmente, na semana passada, as restrições impostas no fim de 2010 à expansão do crédito.

Os números ontem anunciados mostram que, em setembro, especificamente, o IBC-BR ficou praticamente estagnado na série ajustada. Variou somente 0,02% em relação a agosto. Na série sem ajuste, houve expressiva queda, de 2,68%. No acumulado dos primeiros nove meses do ano, o índice subiu 3,19% e 3,15% na comparação com igual período de 2010, respectivamente com e sem ajustes sazonais. O percentual é inferior à projeção do Banco Central para o PIB no ano fechado de 2011 sobre o ano anterior, por enquanto ainda de 3,5%.

Para economistas consultados pelo Valor, os dados do IBC-Br confirmam a expectativa de estabilidade no PIB entre o segundo e o terceiro trimestres deste ano, sem descartar uma leve queda. "Os dados ao longo do trimestre já vinham apresentando enfraquecimento da atividade econômica. Um resultado negativo só será preocupante se vier muito abaixo de zero", diz Fernanda Consorte, do Santander. Pelos seus cálculos, o PIB do terceiro trimestre deverá ter retração de 0,2% frente ao do trimestre anterior.

O banco HSBC também prevê leve contração na economia brasileira, com o PIB do terceiro trimestre caindo 0,1% na comparação com o do segundo trimestre. Já a LCA Consultores trabalha com variação nula no período.

O economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria, acredita que a situação apontada pelo IBC-Br de setembro não vai piorar. Nos seus modelos de previsão, a economia brasileira ensaiará uma recuperação, ainda que bem lenta, já a partir do quarto trimestre deste ano. "O terceiro trimestre foi o limite da desaceleração", afirma o economista. As suas projeções indicam que, no período julho-setembro, o PIB, cujo número oficial ainda não saiu, não chegou a cair como o IBC-Br, mas teve um aumento de 0,3% sobre o trimestre anterior.

Já do quarto trimestre em diante até fim do próximo ano a trajetória do PIB será de aceleração, muito lenta, porém contínua, estima a Tendências. A retração do IBC-Br no trimestre, segundo o HSBC, é consistente com a visão pessimista do Banco Central para a economia e aponta para novos cortes de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic), hoje em 11,5% ao ano.