Título: Dirceu reafirma crescimento maior que o de 2004
Autor: Janaina Vilella
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2004, Brasil, p. A5
O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, voltou a afirmar ontem que o crescimento da economia brasileira em 2005 deve superar o deste ano. Segundo ele, a retomada dos investimentos do país, reflexo da desvalorização da dívida interna aliada ao aquecimento da demanda doméstica, garantirá um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima dos 3,8% previstos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). "Vou trabalhar dia e noite de uma maneira persistente para que o crescimento do ano que vem seja pelo menos de 1% a mais do que a previsão do Ipea. Vamos assumir esse desafio, nem que a gente tenha que pegar o touro pelo chifre", disse após participar da abertura do seminário "Cenários 2005-Perspectivas e Tendências", na sede da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), no Rio. Dirceu explicou que as projeções mais conservadoras do Ipea são justificadas pelo cenário que se desenha para 2005, "com uma demanda doméstica forte, mas com um menor dinamismo das exportações e um aumento das importações". "O Brasil precisa gerar emprego porque se não o fizer todo o restante será uma ilusão. O aquecimento do mercado interno é um bom sinal para garantir a recuperação da renda, por exemplo. E é por isso que o presidente quer dar um aumento real para o salário", disso Dirceu, informando que o valor do mínimo deve ser anunciado depois de um encontro entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e as centrais sindicais, nas próximas semanas. O ministro reconheceu que o ajuste fiscal feito pelo governo para equilibrar a economia custou muito caro para a sociedade brasileira, mas garantiu que as compensações virão a partir do próximo ano. "Eu sei que é duro, dói. Mas não podemos jogar o país e o povo em uma outra aventura. Não podemos cometer aventuras, mas precisamos de audácias. O governo, à medida que tomou decisões duras, também tem que exigir daqueles que têm (condições financeiras) mais um sacrifício. A distribuição de renda é condição para o Brasil ser desenvolvido". Ele afirmou ainda que o país terá de trabalhar no ano que vem para trazer o risco Brasil para menos de 200 pontos. Para isso, segundo ele, o primeiro passo é o crescimento econômico. "Não há nada mais seguro para o investidor estrangeiro". O economista José Márcio Camargo, sócio da consultoria Tendências e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), disse ontem também no Rio que a economia brasileira vai crescer de 3,5% a 4% em 2005 e que a principal ameaça tanto ao crescimento brasileiro como ao mundial não vem da crise do petróleo, mas da possibilidade de um aumento dos juros dos títulos do Tesouro americano. O aumento seria provocado por uma corrida de países que se tornaram grandes investidores nesses papéis para ativos denominados em outras moedas.