Título: Serra define comando político de seu governo
Autor: César Felício
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2004, Política, p. A7
O prefeito eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), definiu ontem o comando político de seu governo, ao anunciar a escolha do ex-ministro da Justiça e deputado tucano Aloysio Nunes Ferreira Filho para a Secretaria Municipal de Governo e do também deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP) para a Secretaria das Subprefeituras. Na mesma ocasião, Serra anunciou a escolha do deputado José Aristodemo Pinotti (PFL-SP) para a Secretaria Municipal de Educação. "O Aloysio irá fazer a coordenação política junto ao Legislativo municipal, dividindo a atribuição com o Feldman. Ele será o futuro culpado dos problemas. Os acertos serão nossos", brincou Serra. Também caberá a Aloysio, de acordo com o prefeito eleito, a interlocução formal com o governo estadual. Novamente, Aloysio não exercerá a atribuição sozinho, mas a dividirá com o vice-prefeito, Gilberto Kassab, do PFL. A escolha de Pinotti para a Educação não surpreende, porque Serra anunciara ainda como candidato que o deputado pefelista iria participar do governo, não necessariamente na pasta da Saúde, área em que mais se destacou. Pinotti era pré-candidato pefelista à prefeitura e, ao renunciar, abriu o caminho para o PFL se compor com Serra, mas está longe de ser um quadro histórico do partido. A cota pefelista no governo municipal não deve se resumir à pasta da Educação. Há pouco mais de 20 anos na política, começou como colega de Serra no secretariado de Montoro, ocupando a pasta de Educação, comandou a saúde no governo Quércia e teve uma fracassada candidatura à Prefeitura de São Paulo pelo PMDB, em 1996. Está no PFL, mas transitou até pelo PSB. Os outros dois secretários também já demonstraram ambições políticas de longo curso. Coordenador das campanhas de Geraldo Alckmin à Prefeitura de São Paulo em 2000 e de Serra este ano, Feldman é um permanente postulante tucano a cargos majoritários em São Paulo. Possui grande articulação com os diretórios regionais e a chamada " militância" do partido. A maior parte de sua vida política foi passada na Câmara dos Vereadores, onde ocupou uma cadeira por dez anos. Muito atuante dentro da esquerda clandestina até 1969, Aloysio permaneceu no PMDB quando o PSDB foi fundado. Com ajuda de Quércia, elegeu-se vice-governador de São Paulo ao lado de Luiz Antonio Fleury Filho, que o apoiou para concorrer à prefeitura da capital em 1992. Rompeu com o PMDB já no governo Fernando Henrique para ingressar diretamente na cúpula tucana. Dentro do partido, trabalhou de maneira agressiva para Serra ser candidato a presidente em 2002. Permanece na condição de um dos maiores aliados do prefeito no plano nacional. É membro da Executiva do partido. Com a ida dos três para o secretariado, assumem cadeiras na Câmara dos Deputados o ex-ministro do Trabalho Walter Barelli, o ex-presidente do Incra Chico Graziano e o ex-deputado Silvio Torres, pelo PSDB. Na apresentação de ontem, apenas Pinotti já adiantou algumas iniciativas que tomará. Conforme assessores de Serra anteciparam durante a campanha, o programa de construção dos novos 24 Centros de Ensino Unificados (CEUs) será cancelado. Os atuais CEUs, segundo Pinotti, poderão servir como centros de reciclagem para os alunos das escolas vizinhas. "Não vamos construir novos CEUs enquanto existirem escolas de lata. O tempo integral não é a criança dentro da sala de aula, mas sim a criança formando-se como cidadã também fora do espaço da escola", disse o novo secretário.