Título: Brasiliense vive no mundo virtual
Autor: Amorim, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 11/09/2010, Cidades, p. 44

Pesquisa do IBGE revela que 416 mil moradias do DF estão conectadas à internet, um aumento de 22,7% em relação a 2008 e a maior proporção do país

Pela primeira vez, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada esta semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), indicou que mais da metade das residências do DF 52,95% têm acesso à internet. Em 2008, eram 43,43%. É disparada a maior proporção do país. Em segundo lugar, aparece o estado de São Paulo, com um percentual de 39,46%. São 416 mil lares brasilienses conectados ao mundo pelo computador número 22,7% maior que em 2008. No Brasil, esse salto foi de 16,9%.

O número médio de pessoas por família residente em domicílio particular encontrado pela Pnad, em 2009, foi de 3,1 pessoas. Significa dizer que quase 1,3 milhão de moradores do DF são internautas, ou seja, metade da população. A pesquisa mostrou que a quantidade de casas com computador no DF também cresceu mais do que no restante do país 17,8% contra 13,2%. Seis em cada 10 residências candangas têm pelo menos uma máquina.

As facilidades de pagamento e o incentivo à inclusão digital ajudaram a elevar esses números no Brasil inteiro. Norte e Nordeste apresentaram avanços significativos. Em Rondônia, por exemplo, o total de casas com computador, em relação ao ano anterior, aumentou 32,6%. O estado também liderou o ranking relacionado ao número de domicílios com acesso à internet crescimento de 41,7%. O DF, no entanto, continua sendo a unidade da federação com a maior população ligada ao mundo digital.

Na casa da estudante de relações internacionais Kamila Zardini, 19 anos, o computador faz parte do cotidiano da família e é artigo de uso pessoal. Ela conta que os pais usam, cada um, o próprio notebook. E ela também tem um, para interação virtual com os amigos e para leituras e trabalhos da faculdade. Há ainda um computador ligado em ponto fixo da residência, usado principalmente para a impressão de documentos. Ao todo, quatro computadores para três pessoas.

Para Kamila, a realidade da casa dela só é possível graças ao avanço da economia brasileira, como o aumento da renda familiar. A gente teve um computador logo que ele começou a se popularizar, mas ainda era muito caro. Depois, há uns 10 anos, minha mãe comprou um dos primeiros notebooks que surgiram no mercado, para trabalhar. Era caríssimo também. Hoje, qualquer um pode comprar, dividindo em várias vezes no cartão de crédito, diz a jovem.

A estudante acrescenta que os três laptops da casa, de marcas consagradas e configuração moderna, foram adquiridos nos últimos quatro anos. Meu pai comprou um para ele. Depois, deu outro de presente para a minha mãe. E, no meu aniversário, me deu o meu, relata. Levantamento do Instituto Fecomércio apontou que, em dezembro de 2009, as lojas de informática no DF venderam 6,8% a mais frente ao mês anterior. Em 2008, no mesmo período, a variação ficou negativa em 3,7%.

Vendas O faturamento das empresas do ramo que atuam em Brasília é o maior do país, segundo o presidente da Fecomércio-DF, Miguel Setembrino. Em parte, por conta dos contratos com os governos local e federal. Para pessoas físicas, as vendas estão impulsionadas pelas facilidades de pagamento e pelas promoções. O mercado de informática nunca esteve tão aquecido. Todo mundo já tem laptop, muitos, mais de um. O computador virou um bem individual e quase obrigatório, comenta.

Para Marcello Barra, pesquisador do grupo de ciência, tecnologia e educação na contemporaneidade da Universidade de Brasília (UnB), os resultados da Pnad(1) não surpreendem. Há pelos menos sete anos, o DF lidera o ranking de domicílios com computador e acesso à internet. É importante notar que essas pesquisas não aferem a qualidade desse acesso. Não sabemos se o indivíduo está usando o computador para jogar ou para estudar, para se informar. E é com isso que temos de nos preocupar, pondera.

No DF, o maior aumento do número de domicílios com computador (salto de 26,9%, em relação a 2008) e com acesso à internet (40%) ocorreu na casa de famílias com renda de até 10 salários mínimos, o equivalente a R$ 5,1 mil. Precisamos expandir o acesso nas classes mais baixas, reforça Barra, que provoca uma reflexão em torno do acesso individualizado aos computadores. É um fenômeno preocupante. O fato de cada um ter seu laptop cria barreiras nas famílias, avalia.

1 - Estudo O sistema de pesquisas domiciliares tem como finalidade a produção de informações básicas para o estudo do desenvolvimento do país. Investiga diversas características socioeconômicas e demográficas. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) teve início no segundo trimestre de 1967, sendo os seus resultados apresentados com periodicidade trimestral até o primeiro trimestre de 1970. A partir de 1971, os levantamentos passaram a ser anuais com realização no último trimestre.

O número 4.014 Foi a amostragem de domicílios no DF