Título: Fabricantes aumentam preço da celulose
Autor: André Vieira
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2004, Empresa, p. B5

Os fabricantes de papel e celulose começam 2005 animados com a perspectiva de aumento nos preços. Os principais produtores anunciaram reajuste de US$ 30 por tonelada para entrega de celulose nos mercados americano, europeu e asiático em janeiro. As cotações voltam aos níveis mais altos deste ano. "A demanda, principalmente por parte da China, voltou a ficar aquecida", disse Rogério Ziviani, diretor de negócios internacionais da Suzano Bahia Sul. O aumento, já adotado por Suzano, Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Aracruz, entre outras fabricantes, deve ter impacto no mercado de papéis, voltados principalmente ao segmento interno. A expectativa é de reajustes entre 8% a 10% nos preços de papéis para imprimir e escrever, couchê e cartão já a partir da primeira quinzena de janeiro. Os fabricantes brasileiros registraram o recorde de produção e exportação neste ano, atingindo mais de 9 milhões de toneladas de celulose de fibra de eucalipto. Dos US$ 3 bilhões exportados neste ano, a indústria de papel e celulose foi responsável por superávit comercial estimado em US$ 2,2 bilhões. A consultoria MS Consult prevê uma ligeira queda de 4% no resultado comercial da indústria em 2005. Neste ano, Aracruz e VCP operaram suas plantas à plenitude, ao mesmo passo que alguns projetos para eliminar gargalos na Suzano foram adotados, ampliando a capacidade da indústria brasileira. Os novos preços de celulose ficarão em US$ 550 na Europa, US$ 585 nos Estados Unidos e US$ 500 na Ásia por tonelada. Com esses valores, o setor retoma as cotações do fim do primeiro semestre de 2004. Os produtores estão repassando os aumento de custos com energia, insumos e fretes para os preços de celulose. Preocupado com o superaquecimento, o governo chinês adotou algumas medidas para reduzir a atividade econômica, o que derrubou os preços da celulose para o nível mais baixo do ano em setembro e outubro. Com o retorno dos chineses ao mercado, que compraram mais de 650 mil toneladas em outubro, os estoques internacionais ficaram abaixo das 3 milhões de toneladas, o que soou como oportunidade para os produtores aplicarem uma nova tabela. Em novembro, os preços já tinham subido US$ 20. Segundo executivos do setor de celulose da VCP, contou também para o aumento dos preços o anúncio do fechamento de indústrias de papel nos Estados Unidos, o que ajudou a pressionar as cotações desde novembro naquele mercado. Os produtores esperam que os novos preços sejam absorvidos pelos clientes. "Até onde podemos observar, a demanda deve continuar aquecida até o primeiro semestre", disse Ziviani. A Suzano deve exportar cerca de 450 mil toneladas de celulose e outras 350 mil toneladas de papéis.